Motores ligados e Stephen Kanitz

Agora é a retomada, depois de dias merecidos de descanso, convívio carinhoso e muitas férias; para quem estava pras bandas do hemisfério Sul sol não faltou, portanto nada de enrolação! Mãos à obra!

Pra começar bem a semana e mesmo o ano saúdo com louvor o artigo escrito esta semana por Stephen Kanitz na Veja. Vale a pena ler. O que ele comenta – com grande competência – é que crises sempre existiram, existem e existirão, principalmente porque vivemos sempre em meio a mudanças. Mas o que sustenta e faz o crescimento, seja individual ou coletivo, é o pensamento em sempre reservar, guardar para momentos felizes ou nem tanto.

A economia mundial encerrou o ano de 2008 perplexa com o ocaso do Lehman Brothers, e o colapso do sistema monetário lastreado nos imóveis americanos. OK, fato. No entanto, qualquer pessoa realmente consciente que não há milagre na multiplicação de dinheiro que prescinda a produção (jogos e loterias ao menos exigem uma aposta, não caem do céu) poderia prever que, cedo ou tarde, o castelo de cartas ruiria.

Não lembro agora o nome do economista americano que já havia previsto uma queda no sistema há pelo menos dois anos. Prometo que para a próxima segunda-feira dou nome ao boi, mas isso agora não importa. O interessante é que as previsões do cidadão foram recebidas como sendo “agourentas”, já que o cenário econômico prometia somente lucros a mancheias...

O economista em questão somente teve a coragem de assumir que empréstimos em cascata alavancados em imóveis que não eram quitados – e portanto tinham uma bela hipoteca nas costas – iriam ser cobrados um dia, e não haveria lastro para garantir o compromisso financeiro. Quando isso acontece com uma pessoa, é possível até reverter, mas dá trabalho. Agora pense se isso acontece em larga escala, como uma bolinha de neve que rola morro abaixo. Foi o que vimos.

Mas agora re-cito Kanitz quando ele lembra que pessoas, empresas e países que tem visão estratégica não podem se dar ao luxo de viver sem reservas que permitam a estes todos viverem sem naufragar financeiramente, deixando de honrar compromissos e postergando pagamentos. Menos ainda empresas se pautarem por receitas externas para sua manutenção e pagamento de sua folha de empregados. Empresas enxutas e estruturadas sentem o baque nos negócios, mas não se rendem e justificam seu fracasso pondo a culpa nas “oscilações do mercado americano”. Ora, qualquer mercado tem altos e baixos, e todos temos que procurar manter reservas para quando a roda estiver no momento mais baixo da trajetória.

E para concluir cito que o Brasil, neste caso específico, fez muito bem feitinho seu dever de casa. Durante os recentes dois anos o governo foi duramente criticado por manter reservas cambiais que poderiam ser investidas em projetos de estrutura. Que nestes anos houve projetos estruturais para o bem estar, houve; que houve corrupção – não necessariamente nestes projetos, mas como um todo social – deve ter havido (não tenho como provar). Mas houve a decisão acertadíssima de manter as reservas altas para que a economia se mantivesse aquecida e podendo assim baixar a arrecadação fiscal sem comprometer outros setores de produção. E devido a isso estamos sentindo a marolinha – que não é tão fraca mas aqui bateu desta maneira – conscientes que podemos lidar com esta adversidade de forma inteligente por termos conseguido progressos econômicos de forma inteligente.

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