Críticas ácidas e alcalinas

Atrás de toda crítica está alguém que acabou por se envolver com o problema, o livro, a história ou qualquer outra coisa que seja o foco; o envolvimento pode ser profundo ou raso, mas existe, a ponto de gerar uma opinião, um ponto de vista sobre o tema.

O exemplo mais raso é a consternação quando criticamos qualquer lado da questão Israel/Palestina. Qualquer ponto comentado implica em envolvimento com o tema, conhecimento e posicionamento. Daí a crítica passa a existir, seja ela para um lado ou para outro, seja ácida com um e alcalina com outro. Mas a crítica tem sempre o mérito de apontar o quanto nos envolvemos com o assunto criticado.

Em certos casos a crítica esconde emoções ora claras, ora confusas. Quem critica a produção musical de alguém pode simplesmente dizer o gosto pessoal, “gostei ou não gostei”. Pode também ter nas entrelinhas um sentimento antigo e real, a vontade de ter feito algo semelhante, mas não houve a coragem ou despojamento necessários. A mulher melancia, ou a moranguinho estão aí para bem comprovar isso. Muita gente critica, mas adoraria estar no lugar das duas senhoritas.

O que nos envolve tem potencial para ser “criticável”. O que não nos envolve nem merece atenção, portanto passa batido, esquecido em meio ao turbilhão do mundo.

As críticas são sempre bem-vindas não porque “podem virar conselhos”, mas porque mostram claramente o quanto de envolvimento as pessoas estabeleceram com o objeto criticado – e isso é infinitamente melhor do que passar em branco pela vida, a própria ou a que abrange os outros.

Pense nisso. Abra sua alma para criticar e ser criticado, ácida ou alcalinamente...

Comentários

Anônimo disse…
Criticar é até fácil... difícil é absorver a crítica como aprendizado. Parabéns pela reflexão.

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