Arrisque antes...

O ponto de partida é um colega da academia de ginástica. A história você talvez conheça contada por alguém, mas é motivadora até.

No começo era tudo igual: um amor de juventude que evolui para um casamento tranqüilo, um filho e uma sensação enorme de vazio, daquelas que parece perguntar: o que faz você feliz? Mas ele não ouviu – ou não quis ouvir, porque incomodava – e deixou a sensação, que no começo tinha uma voz suave, ir aumentando até ficar ensurdecedora, transformada numa doença terminal.

Doença terminal é o nome mais comum daquilo que acredita-se não ter cura, e era o caso do meu colega. Lógico que todos os tratamentos foram imediatamente utilizados, sem importar o preço e o grau de invasão. O corpo não respondia, mas a cabeça, a mente, essa perguntava aos gritos por que a situação havia chegado àquele ponto.

Um dia, ele tentou ficar em pé com os joelhos estendidos e flexionar o corpo até alcançar os pés (a famosa postura de alongamento da coluna e membros inferiores), e não conseguiu. Ouviu do filho que nunca conseguiria, assim como nunca conseguiria fazer nada que não fosse previsível (palavras do filho, com 15 anos na época) e que dele pouco poderia ser esperado.

Foi a conta.

O primeiro ponto a vencer foi a rigidez do corpo, tão acostumado a sofrer por conta das frustrações. Depois vieram a mente, a vontade e a energia. Reza a lenda do meu colega que ao mesmo tempo que conseguia flexionar melhor o corpo o tratamento apresentava mais e melhores resultados. Em dois anos seu corpo reverteu todo o processo, e há cinco anos ele vigia atentamente para que a doença não volte mais; está tecnicamente curado.

A cura apareceu também na vida: passou a correr mais riscos de errar, de ser tachado de ridículo, de idiota e ignorante. Deixou de ser sempre agradável e passou a ser mais lembrado por todos por sua personalidade interessante. Seu senso de humor aflorou, assim como a sexualidade, o que surpreendeu a mulher acostumada a um pré definido roteiro “de prazer”, e ela assim rejuvesceu o suficiente para encarar uma plástica.

O filho pulou de paraquedas junto com ele pela primeira vez no mês passado.

Deu medo? Não. Primeiro porque foi um salto treinado e preparado cuidadosamente. Segundo, meu colega aprendeu a lidar com o risco. E segundo ele, risco maior é deixar a vida escorrer pelos dedos, deixando para amanhã, para um dia talvez. Como ele diz, se é possível, arrisque antes...

Não espere.

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