Lidar com o dinheiro deve começar cedo...

E quando eu comento sobre Saúde Financeira gosto de enfatizar que neste mundo contemporâneo saber lidar com o dinheiro é algo default, tem que vir de berço, desde a mais tenra infância. Há quem questione, dizendo que "crianças não tem visão de status, de poder, de dinheiro". Nada mais equivocado.

Minha experiência pessoal com o dinheiro começou quando eu tinha 3 ou 4 anos e percebi o quanto o tema era complicado dentro de casa; eu me lembro de questionar com minha avó se nossa família era rica ou pobre. Eu tinha altas dúvidas por observar o comportamento de consumo em casa, e comparar isso com as falas constantes dos meus pais do tipo "não desperdice, não somos ricos!", e ainda o mais comum "dinheiro não dá em árvores". Juro que nunca, nunquinha, passou pela minha cabeça que existiria uma árvore com folhas em forma de dinheiro...

E com o passar do tempo fui aprendendo empiricamente, batendo a cabeça bastante, e acertando por meros acasos. Hoje, gosto muito de estimular o conhecimento de como lidar com o dinheiro para crianças, adolescentes, principalmente para que desde cedo o espírito de prosperidade e empreendedorismo tenha lugar. O mundo tem excepcionais oportunidades para quem as enxerga, e enxergar a prosperidade é questão simples de treino.

O aprendizado de lidar com o dinheiro tem que anteceder a chegada dele. Na verdade - e pela minha constante observação - o dinheiro aparece na vida da criança quando ela percebe que é a ferramenta que faz conquistar "coisas". Desde cedo a criança percebe primeiro que o dinheiro faz ''surgir'' coisas desejadas, depois repara em como os pais lidam com o dinheiro e na sequência mede isso usando como referenciais as pessoas ao redor, como coleguinhas, pais dos coleguinhas, vizinhos, professores. A observação de todas estas fontes começa a delinear como a criança vai se relacionar com o uso do recurso financeiro, mesmo que ela não o tenha.

É a mesada a melhor forma de ensinar a criança a lidar com o dinheiro? Sim.

A mesada é importante a partir dos 4 anos, quando a criança já lida com números e quantidades, e deve ser proporcional a idade. Uma criança de quatro anos pode receber mesmo R$ 3 por mês, sendo que a cada semana ela pode receber receba valores pequenos, como R$ 0,10 por dia. Pense assim: a criança prefere moedas em maior quantidade do que uma nota de R$ 2, pois, na cabeça dela o volume das moedas, o barulho, tudo isso estimula poupar para ter mais. À medida que a criança se desenvolve, com seis anos, ela já tem noção de valores relativos, momento interessante para iniciar a poupança que a própria criança irá acompanhar e também cuidar.

Os pais devem definir a mesada claramente, do tipo "o valor é tal, de tanto em tanto tempo", de modo que ela sinta segurança nesse processo. Para crianças maiores o exemplo dos pais é referencial fundamental. Crianças com mais de 6 anos observam atentamente como os pais usam o dinheiro, como falam a respeito dele. É nessa fase que se consolidam crenças sobre o dinheiro, positivas ou não.

Se os pais se queixam da falta de dinheiro, a criança começa a ter como referência a dificuldade em ter dinheiro; se falam do dinheiro como um valor, tendem a também valorizar. Esse é o mais delicado momento de afirmação de valor econômico.

Pais me perguntam se é certo ou errado comprar tudo o que a criança deseja, estimulando um gastador potencial? Penso que a palavra não seguida de uma boa explicação é importante para a compreensão da criança. Se não há dinheiro para comprar algo que a criança queira, ou não seja o momento adequado, olhe nos olhos da criança, dando a ela o máximo de atenção e explique calmamente o porquê da não compra, sem no entanto detalhar demais. A criança quer uma explicação, não um panorama social e econômico da família. É possível fazer isso e deixar claro para a criança que valores como carinho, atenção e respeito vão além da compra de objetos desejados, e ela, em qualquer idade, entende.

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