Caminhadas e Amigos

Pra começo de conversa, alguém ensinou a você “como fazer amigos e influenciar pessoas?” Provavelmente não, até porque você, assim como eu, aprendeu a fazer amigos, cultivar e agradar da mesma forma que aprendeu a andar: tentou uma vez, caiu, não desistiu. Depois juntou o que deu certo e separou do que não deu certo e foi de novo. Ficou em pé uns segundos, gostou da sensação.

Depois notou que precisava fazer um pouquinho de esforço para se manter equilibrado, e assim driblar a força gravitacional – ok, você nem sabia que um dia iria estudar isso... – e foi firmando seus passos cada vez mais. Ainda caiu algumas vezes, mas isso deixou de ser questão e se tornou natural, e daí nem se pensa mais nisso.

Pois é, ficou tão natural que não se pensa mais nisso, e as amizades por vezes caem nesta mesma toada, são naturais, como o ar, e não precisam mais do cuidado que nós tínhamos quando começamos a andar. É a nossa naturalidade que traz os amigos, e há um certo ditado que prega “para conhecer alguém basta ver seus amigos”.

O ritmo dos nossos passos muda conforme a época, o momento e o que buscamos. As amizades também têm seus ritmos. Por um tempo, são grudadas, como as meninas que vivem em bandos, e o que uma diz é seguido por todas; os meninos tem no grupo sua turma do coração, e ai de quem falha na defesa do gol, na defesa da idéia ou em qualquer defesa para o amigo! É o ritmo do momento, que todos já tivemos.

Vem outro ritmo, o das amizades escolhidas a dedo. São os passos dados certeiros, sabendo bem onde pisar. Não acontecem aleatoriamente, até porque agora existe claramente o caminho, precisamos saber por onde e como passar. Os amigos também fazem o mesmo conosco, e nesta caminhada alguns seguem outras trilhas, que para cada um são a melhor escolha para seus passos.

E a caminhada vai ficando mais estimulante, mesmo com eventuais quedas – normalmente causadas pela ansiedade e afobação, o tal “mau passo” – e eis que surgem no caminho novos amigos, além dos antigos repaginados, porque a cada etapa da caminhada todos mudam, transcendem, e sempre estão melhor do que eram momentos atrás. Assim também oferecemos a eles nós mudados, atualizados, muito mais experientes no caminhar da vida, prontos para auxiliar a firmar melhor nossos passos.

E o bom desta caminhada é que mesmo que ela tenha momentos de raiva, preguiça – vá na frente e não me incomode – descontentamento, amargura, ela consegue ser muito menos árida porque há alguém para ouvir as lamúrias do caminho áspero e por vezes cansativo, e depois todos se lembram desta parte do caminho em meio a risadas, do tipo “lembra disso, amigo”?

Isso mostra uma coisa interessante: por mais difícil que seja a caminhada ela é necessária para atingir outros pontos, ainda melhores. Amigos por vezes incomodam por terem a franqueza de mostrar os pontos críticos do nosso caminho; mas não deixam de ser amigos por isso. Mas a amizade requer cuidado como a caminhada também, para não machucar ou ferir gravemente aquele que caminha, sob o risco de a caminhada ser interrompida, e a amizade esfacelada.

E a todo momento podemos definir novos caminhos percorrendo as avenidas da vida, mudando a direção; os amigos por vezes permanecem na trilha antiga, e outros vêm ao nosso encontro. É a dinâmica da vida. E todos, que eram, são ou serão motivam a mesma energia que um dia fez a nós, eu e você, levantar e firmar, olhar o mundo e abrir os braços para um horizonte cheio de alegria que só bons amigos são capazes de expressar.

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