Existem palavras que, ao serem mencionadas, trazem à mente várias possibilidades - e por vezes também trazem conotações diversas - e as duas letrinhas que formam a FÉ tem tamanho poder no imaginário que se torna até perigoso falar de seu significado. E por gostar de riscos, escolhi este tema para comentários.

Sinto, ouço, vejo e percebo o tempo todo pessoas preocupadas em melhorar sua performance. Seja na vida esportiva (onde é comum), na vida pessoal, corporativa, há uma busca incessante por sistemas, métodos, até mesmo fórmulas que estimulem melhores resultados, otimização dos recursos, aumento quantitativo e qualitativo; enfim, tudo o que signifique "mais" e "melhor". São livros, cursos, vivências que prometem mudar, estimular, fazer acontecer. Há uma grande demanda à disposição (literalmente).

No entanto, não critico esta oferta vasta de soluções. É bom que exista, pois auxilia no processo de escolha do que melhor se adapta a cada individuo. Comtemporizo que, de meu ponto de vista, todos estes sistemas e meios de estimulo a performance nada podem fazer sem a vontade individual, sem o empenho e a atitude pessoal. Sem fé, nada feito.

Daí explico por que gosto tanto destas duas letras, tão resumidas e poderosas. Fé. Só ela, inquebrantável, resistente, até teimosa. Por vezes está revestida de uma religião, de uma crença. Por vezes está escondida porque há um preconceito quanto a Fé, pois se associa a crendices, bases pouco lógicas, coisa de gente simplória. Mas nada consegue mexer e fazer acontecer tão fortemente quanto a Fé.

A Fé vem da crença total, entregue, absoluta, que os mais simples demonstram em seu comprometimento com o Alto, com o Santo; não se discute Fé. Ela existe forte, e ganha mais reforço na canalização da vontade, na calmaria do coração tranqüilo que tem. E é desta forma que ela opera os milagres.

Pense comigo: o conhecimento está ao alcance de todos por meio de livros, fontes de pesquisa diversas, Internet. Mas por que há tão poucos que põem este conhecimento em ação, em atitude, com o compromisso consigo mesmos (e somente isso, sem prestar contas a outros) e fazem a idéia, o pensamento, tomar forma em algo concreto. Tão concreto quanto foi Santos Dumont, com o 14 Bis sobrevoando Paris, sem auxilio de supercomputadores? E a coragem de Christian Barnard em realizar um transplante de coração em meio á Guerra Fria? Ou Bill Gates, que enfrentou gigantes da Informática com Windows sem mesmo ter uma empresa formalizada?

É claro que todos, e muitos outros, tinham base científica para tudo o que faziam. Anos de estudo, dedicação, situações de tentativa e erro; com certeza poderiam ter desistido, como tanta gente faz por muito menos. Mas acreditaram - e acreditam, como faz Gates - e puseram toda Fé na concretização de seus projetos com pleno sucesso.

Nesse ponto vejo uma identificação total entre eles, os pesquisadores de nosso tempo, com a legião de devotos religiosos que, apoiados em sua Fé, operam maravilhas: conseguem a cura de suas mazelas, conquistam diplomas, empregos, grandes amores, filhos que insistiam em não vir, empregos, cargos por vezes inatingíveis por obstáculos diversos. Com a Fé, estas barreiras caem, ou são minimizadas, até desaparecem.

Mas Fé requer empenho, vontade e, acima de tudo, Disciplina do Compromisso. Não basta dizer em alto e bom som que tenho Fé e tudo irá acontecer. Ainda bem que não é assim, pois ficaria tão fácil e acessível que tiraria a grande Graça da vida que é o Risco. É preciso comprometer. Até consigo mesmo.

É o exercício de todo dia, repetido à exaustão que faz a conquista das medalhas olímpicas; é o tostão guardado e bem aplicado que dá origem a fortunas; a aula rotineira, a prova certeira, a lição feita a contento que traz o conhecimento, e dele surge o milagre: realizar sonhos e ser feliz. Tudo começou com a Fé, a base de todo comprometimento.

Sem cair na pieguice - o que é fácil quando se fala em emoção - a Fé é a lógica que explica a transformação, a felicidade, a tranqüilidade que se opera todos os dias em nossas vidas, e faz dos bebês crianças, destes adultos e velhos, todo dia repetindo um sistema: dormir, acordar para um novo dia. Com a esperança de ser mais Feliz. A falta deste sistema é a causa das mazelas do mundo, onde depressões, medos e cobiça se misturam à total descrença. E a descrença é a falta de Fé.

Hoje muita coisa é mistério: doenças sem cura; crueldades cometidas em meio a guerras que desconhecemos; forças da natureza que destroem subitamente; seremos os únicos no universo? Daqui a alguns anos - adianto que não serão muitos, pela velocidade e Fé incutidas nos cientistas - tudo isso será tão óbvio, altamente explicável e transparente. Mas, seguramente, a força da Fé permanecerá viva, seja nestes cientistas do futuro que trarão as respostas, quanto em todos os que buscam fazer da vida a Grande Conquista, operando o que hoje chamamos de milagres. Será a Fé, tão forte e tão única e atemporal, dinamizando a vida desde sempre. E só com duas letrinhas.

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