Humildade não significa pobreza


E menos ainda feiura ou falta de ambição. Humildade é aquela palavra que todo mundo acha linda, capaz de remover toneladas de culpa das costas e serve para dar a sensação que o reino dos céus irá facilitar a logística na hora da morte – mas a palavra deveria significar muito mais do que isso: a simplicidade capaz de alavancar progressos.

Ser humilde não colide com conta bancária, mas bate de frente com o orgulho, este sim fácil de se disfarçar em termos como “resistência”, “apego”, “conservadorismo”. Orgulho é algo tão disseminado na sociedade que por vezes carregamos sem sentir, porque nosso ego não dá conta de trazer à consciência o tamanho da carga. Sem falar que vamos aprendendo a ser orgulhosos constantemente: é só pensar que nunca podemos errar, precisamos acertar de primeira.

Precisamos ser aceitos socialmente, porque é o que o ego precisa. A humildade corre na direção oposta. O ego lida mal com o fato que terá de se desacomodar aprendendo com o mundo, e não terá as garantias da certeza que são o lastro de sua ignorância.

Humildemente nascemos e orgulhosamente vamos nos desenvolvendo. Quem posterga a humildade ao nascer e a traz com a avidez de aprender, de ser igual, de aceitar o mundo como ele é e aproveitar as benesses disso acaba experimentando momentos de felicidade pura, pelo simples fato de estar vivo. Quem, na insegurança, galga a caminhada do orgulho desde cedo endurece a alma nas crenças de terceiros, pois que não são da própria pessoa, e embotam a fé no mundo, na vida. Criam o medo.

A humildade tem o supremo dom de vencer ou mesmo anular o medo. O orgulho potencializa o poder do medo. Sendo humildes conseguimos aproveitar a vida e buscar mais dela, sem cristalizar nossas crenças – que mudam constantemente pois que é o ritmo do mundo – estimulando nossa melhoria contínua. A melhoria contínua nos leva a saber mais, conhecer mais e evoluir mais, inclusive financeiramente. Curiosamente, todas as fortunas, sem exceção, foram construídas por quem humildemente trabalhou, lutou por elas – e não por quem orgulhosamente ficou encastelado em suas crenças, avesso às mudanças.

O conhecimento da força que a humildade é capaz de proporcionar a alguém deveria ser tema de ensino fundamental; na humildade não temos bullying nem formas de achaque pois que aceitamos os outros como são e a nós mesmos em nossa singeleza e unicidade. Toda uma geração seria estimulada a buscar o novo e melhorar, sem pensar no que o outro pensa, sem temer expressar seus desejos e ambições. A sociedade ganharia com pessoas corajosas, humildes mas não simplórias, porém atentas ao mundo, aos outros, com empatia e sobretudo com otimismo, na fé que o mundo conspira a favor delas – e fazendo um planeta feliz.

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