Gentileza atrai gentileza


Mesmo morando no interior, noto que a pressa domina as pessoas – como se viver com pressa resultasse em melhor performance... – e o que acaba sendo perdido neste afã é justamente o que percebo ser a vontade maior das pessoas: interagir com qualidade, socializar e expandir suas emoções, alma e conteúdos. Daí que ouvir um “bom dia” logo cedinho passa a ser quase um
presente.

Ouvir um “com licença”, um “obrigado” ditos com sinceridade é algo muito bom, parece que capaz de iluminar a mente e trazer suavidade ao cotidiano. Melhor ainda quando vem adicionado de um sorriso e olhar verdadeiros, como quem prestou atenção em nós, na nossa presença. E o pedido vindo com um precioso “por favor”? Aposto que fica quase impossível não fazer depois de ouvir com esta introdução melodiosa.

A sociedade preza pelas boas maneiras, isso nós percebemos. No entanto, noto que acabamos nos perdendo na velocidade não da vida ou do cotidiano, mas na pressa que cobramos principalmente de nós mesmos. Falamos alto querendo que o som seja capaz de agilizar a negociação. Gritamos com os outros achando que falamos com a voz baixa, “é só a minha voz que é alta”, dizem. Passar na frente no trânsito nem se fala: aliás ontem vi uma cena risível, daquelas que valia ter filmado. O taxista conseguiu se estabelecer num espaço que mal cabiam duas motos entre as filas para tentar vencer algo como dois metros; dali a pouco a fila que ele deixou andou mais que a outra, mas que um carro que descarregava passageiros tirou-lhe a mobilidade para seguir em frente e os outros veículos que estavam incomodados com a audácia do cidadão passaram tranquilamente, inclusive o meu. Vi pelo retrovisor a expressão de raiva incontida, já que não havia passageiros com ele, portanto não faltou movimento de boca reclamante... ok, foi um momento revenge, que de vez em quando chega a ser esperado para com quem a gentileza carece e a mania de esperteza grassa.

Parar o carro antes da faixa para que as pessoas atravessem deveria ser mais que uma regra capaz de gerar multas; seria um momento de cortesia, pois que também somos pedestres (ou vivemos dentro de carros constantemente?). Agradecer o atendimento, elogiar o prato perfeito, sorrir para o gracejo da criança e a doçura de um cachorrinho fazem tanto bem para nós quanto para quem recebe nossa gentileza e atenção.

Creio que guerras poderiam ser evitadas somente por sermos mais gentis, menos apressados e mais inteiros na nossa vida social. No mínimo guerras de trânsito seriam extintas e muito dinheiro menos mal gasto por simplesmente usarmos melhor nosso bom senso.

Fica para pensar... e ser gentil sempre.

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