O susto

Ele inventou uma moda meio besta, assustar pessoas. Meio besta porque ninguém efetivamente gosta de ser feito de tonto, mas talvez ele ainda não tenha percebido isso. Bobeira de garoto, né.

Na hora deu vontade de socar, bater para extravasar a raiva. Mas, falando secretamente – como é secreto pensar sobre as deliciosas obscenidades da vida – se eu fizesse isso não iria me controlar e certamente acabaria enchendo este moleque atemporal de carinhos e afagos, porque a raiva é prima irmã das emoções calientes bem escondidas.

Já imaginou se eu optasse por dar um tapa bem dado? Correria o risco de tentar consertar com beijos e não iria ser fácil controlar...

O melhor a fazer naquela hora foi o que fiz: fiquei com a maior cara de desentendida, como quem não compreendeu nada e portanto, não conseguiu ser sensibilizada. Deixei o peralta crescidinho com a cara de pateta, e isso foi adorável.

Depois é claro que a emoção saiu, a raiva veio molhada, até com direito a poemas e soluços. Eu poderia até dizer que isso foi o maior indicativo que a minha percepção estava correta – ai de mim se extravasasse a raiva fisicamente, pois teria que engolir uma vergonha sem tamanho de tão descomunal que seria minha reação afetuosa, com forte pegada sexual. Que medo, que loucura!

Espero que ele nunca mais apronte destas, pois eu sei que na próxima não vai dar para segurar... e aí será que esse casca dura e interior mole vai agüentar esta parada? Ihhh, acho que poderá vacilar. Será que quero correr o risco de experimentar?

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