Dora Gerodetti

No domingo de manhã, depois de um café gostoso com um amigo querido, e na espera de começar minha aula achei de olhar os emails. Não tenho hábito disso aos domingos, mas fui ver, só por curiosidade – até porque não iria ter nada importante. Mas tinha: a notícia da morte da amiga Dora.

Eu li primeiramente errado, não entendi o que havia ocorrido e fiquei com um misto de surpresa, tristeza, confusão. A Dora, companheira do Rotary Noroeste e amiga de sorriso largo. Sempre sua imagem me vinha dela sorrindo, sorrisão mesmo, dos bonitos, dentes largos, rosto que sorri todinho junto com os lábios, sabe como é? Poucas pessoas conseguem sorrir com olhos, bochechas, rosto todinho. Ela conseguia, ficava linda.

Era casada com o Orestes, e faziam um casal divertido. Viajavam bastante e sempre tinham histórias para contar, da América, da Ásia, da África, da Europa e Oceania, recheadas de graça e peculiaridade. Ela me chamava para sentar na mesa com ela na Asfar, a Associação das Famílias de Rotarianos, e não poupava elogios ao meu clube. Sempre ouvi dela palavras gostosas, sabor de felicidade. Era minha amiga mesmo sem ficarmos constantemente perto. Sabe aquela amizade que existe e você sabe que a tem, cuidando e conservando mesmo à distância? Era assim.

Deixei o curso e rumei para saber mais e dar a ela um presente final nesta dimensão de nós duas: uma prece. No caminho só vinha a imagem dela sorrindo, como na viagem que fizemos e foi um intercâmbio de distritos, agenda cheia mas humor intacto, com frio, calor, luz forte e penumbra tudo de uma vez só. Era um ótimo astral. Eu lembrava de tudo isso e sentia uma tristeza, como se ela tivesse pegado um avião e partido para muito longe – e com a possibilidade de reencontro somente em outra dimensão.

Fiquei calma ao vê-la calma, serena. Estava linda, como sempre foi.

Falando em linda, eu diria que ela era aquele modelo das manequins Rhodia – pesquise e saberá que eram as mais top, as mais elegantes e longas, esguias, sucessos dos anos 60 como assim fora a Twiggy. Dora tinha o corpo de uma Twiggy moderna, fina, forte, firme. Era elegante de per si, da própria natureza. Eu admirava isso nela, aliás, continuo a admirar.

Talvez enquanto estávamos na mesma dimensão eu tivera deixado passar a oportunidade de dizer o quanto ela me alegrava e era espelho vivo da felicidade, do carinho com a família, com o marido – formavam um casal lindo, ambos altos, elegantes e divertidos. Vou guardar no coração o sorriso da amiga, que vai me esperar para um dia, quando estivermos na mesma dimensão, partilharmos uma mesa juntas para um delicioso chá sabor felicidade.

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