Decidir – mais vale rapidez ou sensatez?

Não faz muito tempo que li algo como uma entrevista a um dos gurus dos bons resultados para empresas – leia-se executivo de sucesso – que afirmava ser melhor decidir rapidamente mesmo pecando por uma decisão errada do que levar tempo e fazer a decisão correta tarde demais. Confesso que esta dúvida ficou martelando na minha cabeça.

Hoje sabemos – e vivemos – a agilidade e o contexto online. Em qualquer lugar podemos conectar com o mundo via internet, podemos falar com quem quer que seja na imensa maioria dos países civilizados e abertos democraticamente. Podemos também usar a tecla undo (desfazer) em boa parte de nossos textos e seqüências muito rapidamente, resolvendo o que quer que seja. E por tudo isso precisamos ser rápidos ao decidir o nosso destino ou de muitos outros que dependem de todos nós.

Esta semana que passou mostrou decisões diversas, das quais comento sem entrar no mérito delas. Houve a decisão do abortamento dos gêmeos resultantes de um estupro a uma garota de nove (9) anos; houve a decisão da cabeçada de Ronaldo no domingo 8, que levantou o moral de toda a nação corintiana e do jogador principalmente. Houve a decisão do governo paulistano em não gastar mais do que deve em um novo estádio de futebol para ser a estréia da Copa do Mundo em São Paulo, vamos nos contentar com o Morumbi mesmo. Isso tudo além das decisões que o povo gosta, como quem sai do Big Brother esta semana e nas próximas.

Será que todos decidiram (ou seria decidimos, nós?) certo? Será que estas decisões envolveram horas de reflexão ou foram geradas por um rápido instinto de lógica somado ao da sobrevivência? Não há muito tempo para escolher, será que foi na base do “pegue o primeiro que vier”?

A minha reflexão sobre o decidir parte da minha postura intuitiva sobre o tema; há obviamente a análise lógica e pertinente do fato, mas nada tira o sentido do que deve ser feito após consultar a essência do ser, que para mim é a voz profunda da consciência. Se ainda assim há dúvida, fica a frase do “melhor o excesso do que a falta” para nortear a escolha, principalmente quando se trata de algo que virá num futuro de médio a longo prazo.

Outro caminho que uso para escolher é fazer com base no que percebo como algo do que vou me orgulhar de ter feito, de ter adquirido. Algo que não irá gerar arrependimento, mesmo que apresente um risco num primeiro momento. Mas sem dúvida qualquer decisão leva em conta que ninguém seja prejudicado por ela, daí respondo que, no caso da garota de nove anos, eu pensaria na alternativa de dar o máximo de apoio à garota e auxiliar no processo que a vida, de forma diferente e num primeiro momento impiedosa, aprontou para com a garota. O detalhe é que, devido a esta gravidez, o estuprador foi preso e o processo continuado de estupro que a menina vinha sofrendo foi interrompido (isso mesmo, não foi a primeira vez e nem ela foi a única, a irmã de 14 anos era também estuprada regularmente...). Houve também a decisão de divulgar a excomunhão de todos os envolvidos no estupro menos a garota, que ao que percebo não escolheu nada neste cenário.

Se a escolha dá margem a uma possível reconsideração, pode-se dizer dela uma alternativa, que pode ou não ser conduzida; se a escolha implica numa renúncia, vale observar bem para fazê-la com segurança.

Se a escolha envolver sentimento, que seja fiel ao seu coração, em primeiro lugar.

Se a escolha envolver a vida, que ela seja respeitada em todo o seu alcance.

Se a escolha envolve sua felicidade, batalhe e não abra mão de seu poder divino de escolher.

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