Em terra firme e com plasticidade

Depois de alguns dias fora da rotina conhecida – desta vez com direito a balanço do mar, que certamente não é a norma comum para mim e penso que para muitas outras pessoas – retornar ao cotidiano tem um equilíbrio diferente; muito por conta de um fator conhecido: por dias, mesmo fora da embarcação, o cérebro se habitua ao balanço e a sensação residual é como se estar ainda a balançar. Mas há também um fato comum para o nosso cérebro: acabar se habituando rapidamente à nova rotina, mesmo que ela seja a rotina das férias.

O lado interessante e que pesquisei em estudos neurocientíficos é que quanto mais rapidamente nos habituamos e integramos com o que nos é novo melhor para a saúde de nosso cérebro. A plasticidade cerebral é ativada por ter que rapidamente perceber o ambiente e seus protocolos e tornar isso mais natural do que poderia ser, em nosso pensamento consciente. É semelhante ao que acontece a uma criança que é exposta a um ambiente com idioma diferente do seu, mas que em pouco tempo consegue acostumar-se ao novo sistema de informação, interagindo com mais sucesso a cada dia.

O mesmo pode acontecer em situações que não requerem nosso deslocamento, nem outro país ou férias: quando recebemos um novo comando, uma nova chefia, ou mesmo nos deparamos com uma situação de rápida mudança. Quanto mais rapidamente e facilmente aceitamos e incorporamos esta alteração, mais estimulamos o cérebro e mais o nosso cérebro mostra sua plasticidade em assimilar o novo como conhecido, para nosso conforto.

É sabido que, nos estudos psicológicos desde Freud, que o ser humano não ambiciona efetivamente ser feliz, mas estar livre do sofrimento. Se isso acontece, perfeito; pode levar ao acomodamento, que é se acostumar com o que está ruim e considerar isso algo imutável. Pode também levar a outro padrão de reação, que é a contestação e decisão de abandono de um padrão para criar um outro, novo, capaz de minimizar sofrimento mas, de quebra, trazer uma grande satisfação em sua execução.

Portanto, me parece coerente pensar que, quanto mais estimulamos nosso cérebro, com ações inovadoras e pensamentos que nos façam “sair do quadrado”, mais criamos condições de ir além do habitual, cruzar novos mares de oportunidades, pensamentos e ações que nos conduzam a uma terra firme, minimizada em sofrimento – que pode ser visto como desafio ou conquista – e ter uma natureza abundante em alegria, crescimento, oportunidades e felicidade. E tudo isso mesmo sem sair de onde você está, só deixando sua essência exclusiva imutável e perfeita ditar a rota e o caminho!

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