Crise aonde?

Esta semana começou com uma matéria interessante apresentada no Jornal da Record que comentava o fato de a tão propalada crise mundial estar a passar bem ao largo dos pequenos e médios empresários de Minas Gerais. Na matéria – que não tem link por se tratar de programa de TV – o apresentador/entrevistador perguntava a diversos profissionais e empresas, o que incluiu o sindicato patronal da indústria do estado, quanto a eventuais demissões, cortes, reestruturações. A resposta de todos foi que, até agora, o mercado consumidor continua aquecido.

O detalhe é que este mercado consumidor não é o consumidor final, mas sim as outras empresas que comercializam bases e elementos para elas sim produzirem para o consumidor final. São indústrias que compram insumos como plásticos, borrachas e mesmo manufaturados para transformação em pranchas alisadoras de cabelos, pneus para bicicletas, tanques de combustível, panelas de pressão, carpetes residenciais, toalhas de banho e rosto, dentre todas as possibilidades que o mercado oferece.

Além destas o segmento de serviços foi ouvido, e neste o índice de contratação de mão de obra manteve-se no mesmo patamar do semestre anterior, em 2008. Ou seja, nem mais nem menos. Como muitas empresas tem como mote enxugar custos e otimizar seus recursos, pode-se concluir que não houve recrudescimento.

O fato que quero apontar como muito relevante é que a matéria não foi feita ouvindo os principais centros de produção do país, que ainda permanecem como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais como Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Recife. Foi feita ouvindo empresas principalmente das cidades de Uberaba, Uberlândia, Alfenas, João Monlevade, Andradas. Cidades estas pouco comentadas como celeiros de novos negócios.

E o que fechou a matéria – e uso para concluir e trazer a reflexão – foi o relato de todos quanto ao fato de o país estar acostumado com intempéries econômicas, daí a flexibilidade em encontrar novos mercados, desenvolver inovações em produtos e serviços, negociar prazos de pagamento e entrega, negociar alternativas trabalhistas coerentes e boas para ambos lados, patrões e empregados (ou seria mais politicamente correto empresários e colaboradores?). Empresas brasileiras aprenderam “na pele” o que os acadêmicos e consultores recitam como a fórmula do crescimento e do empreendedorismo.

Parabéns por isso!

Comentários

Santiago Ryba disse…
As pessoas fala de crise, as empresas se aproveitam e o trabalhador é quem sofre. É uma pena que ainda não tenhamos mais maturidade para lidar com as adversidades, somos influenciados o tempo todo e acabamos nos tornando frágeis.

Postagens mais visitadas deste blog

Afinal, é para dizer “saúde” depois do espirro ou não?

Acomodação ou Acomodamento?

Parábolas de gestão empresarial – autor desconhecido