Salário não é panacéia para dívidas, ok?

Ao longo dos anos em pesquisas sobre comportamento financeiro, noto que ainda há uma crença equivocada por parte das pessoas, nas mais variadas faixas sociais quanto a pensar que "um salário melhor irá resolver todos os problemas financeiros".

Nada mais errado...

Eu tenho como basear isso por dados estatísticos: as empresas que pesquisei e os profissionais da área de RH responsáveis por benefícios e salários concordam que "aumenta o salário aumentam os gastos". E o que noto em quem está com dívidas é o fácil fator de acomodamento por parte destas com as dívidas, tornando-se quase algo natural ser endividado.

O grande erro dos endividados é enxergar o salário mais alto como a salvação de uma situação descontrolada por atitudes não planejadas. Essa frase sintetiza bem o alto número de comentários em empresas referentes a colaboradores que solicitam aumento de salário, correção e outras possibilidades de incremento financeiro por conta de dívidas contraídas.

Quando a situação está descontrolada, sem dúvida que é preciso apertar o cinto para gerar recursos e quitar o compromisso; mas há quem viva numa constante bolha de dívidas, e se consegue gerar mais recurso gera também novas dívidas, com a crença que o salário ou rendimento mais alto irá cobrir tudo milagrosamente. OK, mas o que fazer quando há dívidas em cascata e o funcionário pleiteia aumento por conta delas?

O primeiro passo é apontar onde a raiz do problema está, que é a atitude. A pessoa endividada por vezes contrai mais compromissos por conta da necessidade de agradar o outro, se sentir aceita socialmente, e pode ficar viciada neste comportamento. A saída começa pela conscientização que, para um endividado, todo o dinheiro do mundo não é suficiente.

Para exemplificar bem, levantei dados sobre pessoas que ganharam em loterias valores consideráveis e, em sua maioria, conseguem gastar tudo em prazos curtos. Literalmente, acabam com o dinheiro. Veja só que coisa: se não houvesse o prêmio a pessoa nunca teria o dinheiro, e como lidaria então? Podemos notar com isso que algo na atitude está bastante errado...

De forma prática, o que eu sugiro para os endividados, crônicos ou não, é controlar os gastos, e em seguida partir para uma negociação das dívidas, principalmente as mais graves. Todos os credores querem receber e tentar facilitar a finalização da dívida. Para isso é preciso tomar a iniciativa da negociação, propondo uma forma inteligente e viável para o pagamento, que pode tornar possível minimizar os juros e correção. E lembrar-se sempre que o melhor lugar para guardar talão de cheques e cartão de crédito é em casa, e não constantemente no bolso, certo?

Comentários

Anônimo disse…
Muito bem colocado. Isso tem a ver com a clássica teoria de Maslow. Quando pensamos em salário, precisamos lembrar que ele faz parte das necessidades fisiológicas, ou seja, básicas. Portanto, de nada adianta aumentar o salário, pois o padrão de vida aumenta na mesma proporção. Parabéns pelas colocações.

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