Cidade de indivíduos


Aqui é uma cidade de indivíduos. Raro ver o morador daqui com mais gente, mesmo que esteja rodeado de pessoas. Cada um está na sua vibe, no seu jeito, mas que está a léguas da solidão. Cada um curte sua sozinhez, que difere da solidão triste, imposta. Aqui não tem disso.

Todos tem um sorriso guardado para dentro, porque sorriem para si mesmos, não necessariamente para os outros. Há quem sorria para o simples fato de estar ali, vivo, chutando, trabalhando e produzindo. Para quem vê genericamente, pode parecer até cruel fazer tudo com rapidez, mas não é. As pessoas são eficazes, não perdem tempo com besteiras, não se melindram á toa. Dão valor ao bom e principalmente ao que fazem – e bem. Sorriem para quem para elas sorri, mas acima de tudo sorriem para si.

Há grupos de pessoas, como há também casais, com crianças ou não. Mas todos eles tem o ritmo da cidade, que valoriza toda e qualquer iniciativa. Há também uma energia de cuidado, para não magoar o outro, pois isso também significa magoar a si mesmo. Respeito é bom e todos aqui gostam.

Pode ser que a velocidade das coisas por aqui seja compreendida como pressa, mas não é. Pelo contrário, a moda aqui é fazer com calma justamente para não gerar retrabalho. Mas fazer com calma não é ser molenga, mas ser assertivo, atento, ouvir mais e falar na medida certa – tanto para não confundir quanto para não sobrecarregar. A palavra está escrita em tudo, para bom entendedor a leitura basta. No entanto ninguém se nega a dar informação e nem mesmo um sorriso.

A atendente do café, indiana, diz que o dia será ensolarado – como qualquer um consegue perceber. Mas não vai além disso; o sorriso no rosto expressa todo o afeto que ela pode oferecer a quem acaba de conhecer. Recebe e processa o troco com agilidade, sem erros. Deseja um bom domingo e diz que amanhã será a folga dela, dia especial para descansar e colocar a vida em dia. Sorri e se despede. Fala tudo falando pouco.

A cidade de indivíduos é assim: todos caminham sozinhos pelas avenidas tanto no trabalho quanto no lazer. Fazem a sua rotina buscando viver bem, principalmente no quesito pessoal. Não menosprezam a amizade – muito pelo contrário, valorizam e a consideram preciosa – mas curtem, e muito, a própria companhia.

Acho que é por isso que gosto tanto daqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Afinal, é para dizer “saúde” depois do espirro ou não?

Acomodação ou Acomodamento?

Parábolas de gestão empresarial – autor desconhecido