Todos somos incompetentes - em alguma coisa.


É impossível saber tudo, concorda? Por esta razão sempre terá algo no qual não teremos competência.

Para entender o sentido de competência vamos analisar a palavra: ela tem raiz em "no que compete", no que diz respeito. No campo de ação de um determinado saber tem-se o que compete. A palavra em latim é competere, que significa uma aptidão para cumprir alguma tarefa ou função. Também é a palavra usada como sinônimo de cultura, capacidade, conhecimento e jurisdição.

Fato é que o saber aumenta o tempo todo, de forma exponencial, o que faz de nós eternos incompetentes em áreas que não fazem parte do nosso viés de percepção. Posso ser competente em cuidar de pessoas do ponto de vista clínico, mas incompetente no cuidado com animais dentro do mesmo aspecto clínico - mas são seres distintos. Isso entretanto não faz de mim inferior ou superior, somente deixa claro o que sei, e me facilita aprofundar no que considero importante.

O ponto relevante da incompetência é justamente saber com clareza onde ela está - e o que isso significa na minha vida, ou de quem pensar sobre o tema. Muita gente se pergunta sobre o propósito de viver e esbarra no aspecto da competência; o que você faz com competência deve estar alinhado com o seu propósito, com a sua razão de vida, de produzir e existir. Infelizmente, justo por conta de não haver clareza sobre o que se quer - uma das grandes questões da existência humana é saber mesmo o que a pessoa deseja - confundem-se cenários e onde a competência deveria existir, não existe, e por vezes (muitas) acaba-se refém de uma incompetência generalizada, criada pela própria pessoa...

Reconhecer o que não se sabe é muito importante para alinhar a nós dentro dos nossos projetos de vida. Sim, eu não sei costurar, tenho incompetência nisso (considerar que alinhavar uma roupa é costurar mostra incompetência no assunto), e justamente por ter ciência desta limitação procuro quem sabe costurar para eventuais necessidades dentro deste campo de conhecimento. Com isso evito desperdiçar dinheiro, tecidos, materiais e paciência. Já no campo de idiomas, sou competente em língua inglesa, daí posso revisar textos diversos, ensinar, usar a língua a meu favor e em prol de quem neste assunto tem incompetência. É uma construção justa: auxilio incompetentes com minha competência em idiomas, e sou incompetente na costura, daí procuro quem é competente em costuras, e pago por seus serviços com prazer.

Um líder sabe no que é competente e no que não é. Onde não é, e não fará diferença, contrata quem sabe; onde não é competente e precisa se tornar, procura quem sabe para que a ele ensine, aprenda. Tem humildade de pedir ajuda e sabe que ninguém vive sozinho. Tem a grandeza do conhecimento e a maestria de saber do seu limite. Reconhecer a incompetência é parte de uma liderança como fez Jesus, um dos grandes líderes da humanidade que, humanizado, teve humildade para perceber isso com maestria.

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