A ética e os hackers

Até os anos 80 a ideia de alguém capaz de manipular máquinas para o mal era algo temido como o fim do mundo, e fez muito filme em Hollywood ser bem sucedido. Inteligências cinematográficas como a de James Bond eram poucas e únicas capazes de impedir que a Terra fosse destruída com o aperto de um botão. No entanto, manipular máquinas era algo grandioso, que não chegava até os mortais que dispunham como manipulador somente a televisão.

O advento da internet - que se originou de uma ferramenta para uso militar e transformou o mundo que vivemos de tal maneira que gente com mais de 30 anos não lembra como era a vida sem computador caseiro – trouxe para dentro da casa e cotidiano o fantasma da manipulação capaz de causar o fim do mundo pessoal, financeiro e mesmo social. Afinal, perder todos os seus dados de contato por conta de um vírus de computador pode levar à perda de amizades.

Neste cenário nasceu o indivíduo que no cinema era o Dr. No, capaz de manipular informações visando o controle do planeta – em troca de algo de valor, normalmente muito dinheiro ou poder. Hoje temos o hacker, que não precisa ser um personagem brilhante, mas alguém que acredita ser capaz de auferir alguma vantagem inventando vírus de computador, mensagem similar a de bancos para colocar programas espiões (sim, o nome é esse, programas capazes de instalar remotamente no computador de outra pessoa e recolher dados como senhas, documentos) e interferir nos sites mais protegidos. O objetivo? Obter vantagens, principalmente dos desavisados e “mais fracos”.

Por “mais fracos” entenda-se todos nós que não temos o domínio das ferramentas de tecnologia de informação. É um delito simples: o indivíduo cria (sozinho ou num grupo, para conseguir mais fidelidade) um programa que passa despercebido por sistemas de segurança que pode apagar dados, impedir o funcionamento de outros programas importantes para as tarefas, ou ainda cria mensagens similares a de empresas reconhecidas para conseguir dados confidenciais – e assim usar disso para copiar documentos, clonar contas bancárias, entre outras finalidades danosas.

Mais do que simplesmente nos proteger comprando antivírus, sendo cautelosos com nossos dados na rede e no recebimento de e-mails, a pergunta que faço é: por que ainda temos indivíduos na sociedade que acreditam no mundo das vantagens à custa de ludibriar terceiros? Nos anos 70, uma campanha publicitária de um cigarro vendia a imagem de sucesso como sendo daquele que “tirava vantagem de tudo, certo?”. Será que ainda temos tão encravado em nós o pensamento de aproveitar-se do outro em benefício próprio sem consequências?

Infelizmente, vejo a resposta no dia a dia: pais que estimulam os filhos a “serem espertos” e tirarem proveito de acasos capazes de facilitar suas vidas (não é o fator sorte, mas o acaso que deixa passar a falha). Professores que abdicam do dever de corrigir simplesmente porque “não são bem pagos para isso”. Profissionais que aproveitam da ideia genial do colega e dizem que é sua para obter promoções e elogios. Pessoas que aceitam qualquer dinheiro para sacrificar alguém ou um animal porque “não é com eles ou com alguém da família”. E por aí vai.

Poderemos nos proteger dos hackers da internet usando ferramentas que impedem os vírus e que periodicamente verificam todo o computador, rastreando e eliminando os indesejados. Na vida cotidiana, só iremos impedir hackers quando começarmos a educar a nós e a nova geração quanto a empatia, colocar-se no lugar do outro, estimulando o sentimento de irmandade, de compaixão. Quando nos elevamos espiritual e socialmente, conseguimos ter força para sentir-nos no lugar do outro, em suas dificuldades e vitórias – coisa que muita gente não consegue por absoluta fraqueza escondida sob a parede do orgulho e empáfia.

Faça a sua parte para ser tecnologicamente capaz e seguro: estimule a ética no seu cotidiano, no simples pensamento de querer para os outros o mesmo que deseja para si. E deixe sua alma livre para usufruir a felicidade de estar vivo.

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