Dia dos namorados

Então hoje é a sexta que antecede o dia dos namorados, domingo neste ano.

Que todo mundo sabe que é mais uma data criada pelo comércio para alavancar as vendas, já que o dia das mães conta um mês que passou e movimentou bastante; como fazer então para atiçar os corações a atiçarem seus bolsos para comprar algo especial seja para si mesmos ou para outrem?

Mas a verdade é que a data ficou firme e forte neste país para se desejar estar com alguém. Outro dia ri muito no facebook com o comentário de uma coleguinha sobre isso: é preciso passar o dia dos namorados com namorado? Logicamente que eu não iria perder a piada, e dali veio a mais óbvia: então o Dia de Finados temos que passar com...?

Piadinhas a parte, vale pensar no que imaginar e pensar sobre um dia que é véspera do santo casamenteiro, o Antônio. O dia dos namorados antecede o dia do casamento, o dia da “amarração consentida”, que movimenta um mercado lucrativíssimo de festa, vestido, comidinha, lembrancinha, daminha de honra e lista das lojas nas quais se encontra tudo aquilo que você sozinho não iria comprar. Ou você pensa cotidianamente em comprar sousplat ou descaroçador de azeitonas como objetos de forte consumo?

Namoros e casamentos são elementos que criamos e ritualizamos na nossa sociedade para celebrar e presentear, não importa sua orientação sexual, conta bancária ou intensidade de sentimento. São formas de ser em sociedade, demonstram que pertencemos a ela. Mesmo que não tenhamos a quem amar – aquela pessoa – temos a quem namorar, seja no sonho ou no delírio da fantasia.

Tem quem namore o carro dos sonhos – aquele inatingível mesmo que houvesse ao dispor todo o dinheiro do mundo, pois que é sonhado por ser inalcançável. Tem quem namore a Gisele Bundchen mesmo sendo casada e com o Benjamin do lado, pura fantasia que vende antena de TV. Tem quem namore um pote cheinho de doce de abóbora para chamar de seu, só seu, no mais profundo sentimento de posse e ciúme, será que seria um caso doentio por induzir a obesidade?

Tem quem namore aquela pessoa que está ali do lado há anos, que passou pelo furor da paixão, viveu o calor da questão e agora contempla um céu de anoitecer enlaçando os pezinhos na cama. Tem quem começa a sentir o calor do amor ainda na forma de tensão (compreendeu né?) e mistura tudo ao mesmo tempo agora, pois que o tempo é um obstáculo, por que esperar o que pode ser feito agora, na rua, na chuva na fazenda como diz a letra? E tem quem amou muito e hoje contempla a fantasia do passado, só que não mais de mãos dadas, porém postas.

Todos estes amores querem presentes, presentear para demonstrar o que sentem, mesmo que o comércio espere deles dívidas em dez vezes sem juros. Claro que podem fazer isso somente pelo sorriso, pelo toque e pela atenção, valores que aquele cartão de crédito não compra, mas deixa ao dispor um limite de segurança para gastar.

E assim, a menos de 48 horas do dia dos namorados fica a deixa para comemorar o amor da forma que for, principalmente se não causar danos colaterais (relativos aos bolsos ou corações). Namorar muito, namorar bastante, aproveitar o lado brega e cafona de cada um quando diz do que sente (pois que a verdade não é sofisticada, por certo), mas que quando não é feita deixa um gosto de perda.

Namorar no dia dos namorados é tudo de bom, mesmo que depois venha a segunda, a feira. E se não namorar por não estar, vem depois a fantasia, que antecede o que virá.

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