E lá vem o Eclipse...

Nesta quarta 30 de junho estréia o terceiro filme da saga sobre Vampiros que tem causado comoção como há muito eu não via. Acho bem bacana que uma historia concebida para um livro adolescente tenha criado um movimento tão grande – diversos negócios e oportunidades se abriram graças ao sucesso do livro e posteriormente do filme – e não dá para deixar de lado ou desconsiderar uma história de tamanho sucesso fundamentada numa fantasia romântica.

Lógico que li os quatro livros, e não foi tarefa difícil. Os livros são superiores aos filmes, pelo menos os dois que assisti (e já adianto que na quarta-feira tenho agendado meu momento cinema para conferir o terceiro). Não critico a linguagem ou forma que foram desenvolvidos, mas congratulo a trama que envolve, mesmo com tantos nomes e perfis que chegam a confundir, principalmente quando se trata do último livro. No entanto, em todos eles, há um elemento presente e constante, que é a força de um grande amor, uma paixão que propõe a anulação da vida – e mútua, diga-se de passagem.

Não se trata de uma história de vampiros onde um suga o outro e acabamos por isso mesmo. O vampiro mocinho encontra na moça americana o amor que nunca experimentou, por razões várias. A americana adolescente confusa numa nova cidade encontra um amor instantâneo, que consegue dar razão aos seus dias. E assim começa o Crepúsculo, segue a Lua Nova e agora traz o Eclipse.

O motor que move tantos jovens e mesmo adultos para o lançamento do terceiro filme não é, definitivamente, a beleza dos atores – que por sinal são comuns, mas foram transformados em ícones devido a seus personagens. O que estimula este frenesi é simplesmente a história de um amor que parece impossível, por unir um morto vivo a uma viva em pleno século 21.

A busca de todos é o amor perfeito, que fica ainda mais perfeito por ter uma dificuldade, que é a cereja do bolo do amor. Se fosse uma mor correspondido e simples, resolvido, não teria o mesmo charme. Mas como é amor que tem obstáculo, fica fácil torcer e se envolver, pois é como se mostrasse a nós, nas nossas mais íntimas fantasias, que a perfeição não é requerida, pois ela tornaria o processo muito racional. Tem que ter uma dúvida, uma ansiedade, um pequeno problema para que possamos assim sentir este amor como puro e absoluto.

Embora tenha sido pensado para adolescentes, os três filmes não excluem adultos de rimos qualquer idade – porque no íntimo a energia da juventude focada nas paixões não se dissipa nem é destruída, no máximo sublimada ou esquecida. Ao conhecer a história, via livro ou filme, volta o tempo e a intensidade da emoção do amor, ainda que muitos considerem ambos, livro e filme, de qualidade discutível. Mas a emoção da descoberta de um amor, e da correspondência deste amor com obstáculos, mexe com os remotos sonhos que acompanham humanos ocidentais desde tempos imemoriais.

Mesmo sendo um morto vivo, pois que não tem mais uma alma, o vampiro principal e sua família tem emoções e desejos, inclusive consumistas. O coração que parece não existir para eles tem algum substituto capaz de pulsar e gerar movimentos irracionais, somente pensando na realização afetiva e em proteger o ser amado. Lógico que passagens mirabolantes tem que acontecer para a história prender o leitor ou espectador, mas em medidas mais realistas mostram o quanto nos arriscamos – irracionalmente sempre, pois que a emoção fala muito mais alto – quando o sentimento do amor existe, e quer ser sentido, exercido e vivido.

A vergonha e o ridículo deixam de ter problema, pelo contrário, ficam até graciosos. Rimos dos personagens em situações que poderíamos passar se estivéssemos envolvidos em paixões; mas estamos seguramente protegidos somente como espectadores e leitores, portanto sem correr o risco da rejeição.

O amor romântico da saga de Stephanie Meyer mostra que as pessoas querem esta dificuldade, que dá o charme das relações. Nada do tipo “conhecer, namorar e pronto”, mas o ingrediente do amor que passa por obstáculos e fica cada vez mais fortalecido à medida que os problemas são superados – ou contornados. Fato é que na história a rejeição efetivamente não existe, mas sim o rejeitar para que o outro não sofra mais – algo como uma prova indelével de altruísmo, pois prefere-se sofrer para que o outro sofra menos. Lindinho né?

Enquanto o Edlipse vai lotando os cinemas e mais gente consome tudo o que diz respeito a ele, vamos acalentando o romance na nossa vida, nem que seja via Hollywood – que é mais seguro. No entanto, que tal abrir a porta para ver Eclipses, que requerem tempo e podem se tornar um novo rumo para a vida afetiva... eternamente?

Comentários

@Jenny@ disse…
O texto ta bem melhor que o filme.

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