Eita povo com sangue nos óio!


Talvez seja coisa de brasileiro dar atenção ao que mexe com o sentimento ao melhor estilo "8 ou 80". Se for no meio termo parece que não tem o mesmo valor.

Falo disso comentando sobre diversos aspectos que noto serem quase uníssonos tanto para homens quanto para mulheres: se a coisa for mais tranquila, não deve ser boa... pode vir coisa melhor... então melhor deixar para lá e esperar quando vier A COISA, A PESSOA. Esta sim, com letra grande e problemas, questionamentos do mesmo tamanho das letras, GRANDES. Se for algo calmo, tranquilo e até doce, que resvala no comum e esperado, bom não deve ser.

Daí que muita, muita gente mesmo chega para mim chorando por amor pois que ama quem não o ama, ou a ama; chora porque não é correspondido no amor por um trabalho que remunera pouco, pudera, a pessoa não é reconhecida, buá, buá, buá... Ah, bom seria se trabalhasse num lugar sensacional, pessoas belas, tudo maravilhoso, salário nas alturas... Mas não por enquanto, daí toca a reclamar, questionar, porque neste lugar calminho e desde jeitinho está horríveeeeel. O relacionamento em casa é ruim porque não tem "borboletas no estômago" (eu vi esta expressão outro dia e é bem curiosa... para mim, mais parece fonte de enjoo do que de satisfação, mas....). Também tem aquele que tudo tem tintas berrantes, desde a ciclovia até o extrato bancário. Tudo é fonte de raiva, ódio, virulência nas palavras, ah....

E a vida para muita gente precisa ter esta intensidade latina de sentir até nos píncaros do amor, da raiva, do descontentamento, da irritação. Entendo que somos um povo de sangue quente, latinos muitos oriundos de Portugal, Itália e Espanha em boa maioria - povos que sentem cada fibra de emoção na maior frequência. A pequena dor vira A DOR, o descontentamento é A DECEPÇÃO. Coisa pequena não existe, tudo é grandiooooooosooooooo!

Mas vamos pensar que podemos sim sentir muita emoção gostosa com coisas e pessoas que vem de forma fácil, tranquila e doce?

Sabe aquele amor que poderia ter acontecido mas você achou que não tinha sentimento suficiente? "Era mais um sentimento de amizade, até de irmandade...". Pois é, você viu deste jeito, entendeu a emoção e deu significado assim, meio na base da paçoquinha porque sempre sofreu por amor, movido a paixões meio que avassaladoras (detalhe que você JURA que não gosta de paixão arrebatadora, mas vive suspirando pelos cantos apaixonado por quem não te quer, nem te percebe....). Provavelmente teria se surpreendido se tivesse dado o voto de experiência naquele possível ser amado: só para lembrar que o amor romântico que conhecemos veio no século passado para a nossa realidade, antes disso casamentos eram arranjados e os noivos passavam a se gostar (ou não) aprendendo um com o outro. Não tinha dessa de "amor à primeira vista". Curiosamente, a paixão até surgia depois, quando um não sabia como viver sem o outro, por um motivo muito simples: O AMOR ESTÁ DENTRO DA PESSOA.

Nós é que decidimos se queremos amar alguém ou não. Esqueça esta lenda de ser tragado por sentimentos, por emoções; você aceita sentir tudo isso porque há afinidade, semelhante atrai semelhante. Por isso é que estas histórias de novelas onde o ricão fica com a pobrinha são ficção pura, já que são pessoas que dificilmente iriam ter pontos em comum para o relacionamento vingar. Só que este tipo de história encanta os desavisados, daí já viu...

Nós brasileiros temos muito o que aprender no quesito emoção e sentimento até para que possamos realmente sentir e curtir, e não queixar, reclamar e arrastar cenários por toda uma vida. Isso é muito diferente de se conformar com algo ruim, com a mediocridade: de certa forma, quando colocamos tudo no sangue caliente não conseguimos agir com racionalidade para resolver, para entender o que nos cerca. Vamos pro abraço com faca nos dentes, o que não costuma dar certo.

É possível e totalmente viável ser feliz fazendo das situações que nos cercam o que elas realmente são: situações. Tirar da ilusão o que é fantasia inacessível e trazer para a Terra o que efetivamente desejamos, plantando um passo de cada vez (ou pulos, mas estruturados e constantes) para fazer surgir amores sólidos, verdadeiros, tanto com pessoas quanto com coisas, circunstâncias, trabalhos, carreiras, ideias e desejos. Vamos diminuir um pouco o fogaréu interno para fazer, num fogo brando e constante, as delícias desta vida!

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