O medo tem cheiro. Cuidado com seus desejos!



Aprendi quase que ao mesmo tempo que pronunciei “papai”, “mamãe” e “vovó” que baratas eram o monstro da civilização. Era algo para fugir, temer, coisa medonha, tudo de ruim. Ao redor ouvia sempre o quanto era importante matar baratas, destruir, aniquilar aquela ameaça medonha que, pela ênfase dos comentários, conseguia matar uma pessoa por sua ruindade.

Nem precisa dizer que por muitos anos da infância o meu medo de baratas era incomensurável, pior que o medo dos monstros que viviam embaixo da cama ou da chegada do ano 2000. Barata era o “tudo de ruim”. Rezei para que nenhuma barata aparecesse no meu quarto ou nos dos meus pais e avó, entes queridos.

Quanto mais rezava, mais barata aparecia. Até que um dia a coisa mudou, nos vimos cara a cara, ou melhor, ela veio “nimim”.

Fui acender a luz e a barata estava ali perto. Deve ter se assustado e achou que meu braço era uma pista de corrida de alta velocidade, assim deslizou ligeira até o chão passando por mim. Gritei tão sentidamente que não saiu som. Paralisei. Olhei para o chão e ela sumiu.

Do mesmo jeito que o medo veio, com aquela interação maluca, o medo acabou. Ela passou por mim, e eu não morri. Lógico que tomei banho com álcool, fiquei indignada mas dei o primeiro passo para acabar com a nossa relação doentia (da minha parte, exclusivamente).

Muito tempo se passou. Hoje calculo que vi uma barata pela última vez há quase três anos, quando morava num prédio em Jaguariuna. Estava na rua, passeando. Eu também passeava e ambas seguimos nossos caminhos. Eu na minha e ela na dela. Será que as baratas acabaram no mundo?

Hoje entendo que meu medo, originário de um medo coletivo, social, criou a condição ideal para que baratas se materializassem em casa, e em todos os lugares por onde eu passava. Eu atraía as baratas com o medo absurdo de as encontrar, até que finalmente nós tivemos de nos juntar e acabar com este carma. Assim aconteceu e terminamos nossa história. O medo tem cheiro.

Entendo que meu medo escondia meu desejo, o desejo pelo pavor, pela sensação de desvalia e desconforto. Na época não havia muito esta conversa de Lei da Atração, no entanto foi esta Lei que nos aproximou tão intensamente. Sei que hoje temos um cenário de humanidade mais predisposto a fazer nossos medos se tornarem reais com uma facilidade imensa; a Lei continua valendo, os medos aumentam, e o que tememos aumenta, acompanhando esta tendência.

Curiosamente, sabemos o que tememos: traição, fome, moléstias, criminalidade. E será que sabemos o que desejamos? Uma dica: se no seu mundo o medo está predominando, o que você teme é o que mais acontece, seus desejos estão sendo atendidos...

Muito cuidado, e carinho, com seus desejos, para que seus medos se concretizem e revelem que, na verdade, não são NADA.

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