O delicioso prazer de ler

Mesmo com muitas opções de lazer à disposição - que vão da internet, sem dúvida, até os meus tricôs que nada requerem de tecnologia mas sim de muita paciência - nada supera a leitura e me considero feliz viciada nesta modalidade.

Leio antes de dormir, no banheiro, no metrô, no carro no congestionamento e durante as paradas de farol (não recomendo isso por questões de segurança!!!) e já posterguei horas de sono porque o texto não podia ficar sem ser lido até o fim, sabe como é né?

Comecei a ler com gibis da Disney. Lembro quando eu não sabia ler e descobri que não estava só: minha avó também não sabia, e só meus pais detinham este conhecimento. Como eles estavam sempre ocupados e a minha avó não parecia muito interessada em mudar de status, fui juntando peças um pouco sozinha e outro pouco com minha mãe - que sempre parava a rotina doméstica para ler o pedaço que eu queria entender. Não demorou muito e pumba! estava lendo. Escrever demorou um pouco mais: cheguei a pensar que nunca iria conseguir porque eu só fazia riscos e rasgava o papel com a caneta.

A escola ajudou um pouco a ler, mas foi só um pouco: o primeiro livro, com direito a festa, pais e parentes, bolo colorido, foi para entregar um livrinho chamado "A Sementinha Bailarina", com pouco menos de 30 folhas que acabou na minha mão durante a festa mesmo. Era só ilustração, pouquíssimo texto, nem era quadrinhos... e deve ter custado o equivalente a trocentos gibis bem mais legais.

Depois que o "vício" se instalou passei a ler tudo: bula de remédio (olha o que o tédio é capaz de fazer), livro do curso de russo de meu pai (com aquelas letras inexistentes no português, era quase um código secreto de tesouros, capa dura, pesadão), guia de ruas da cidade com os nomes das ruas e itinerários dos ônibus, e d=a-lhe muito, mas muito gibi. Como o dinheiro para comprar gibi era racionado, li muita revistinha de ponta cabeça para imaginar estar lendo uma história diferente.

Do gibi passei para a Manchete, lida no consultório do dentista, do pediatra (nestes lugares sempre tinha até para mostrar sofisticação) e nas casas dos amigos dos meus pais que tinham dinheiro. Nos anos 70 ler Manchete semanalmente era indicador de posses.

Aos nove anos descobri a revista Nova na casa da minha amiga que tinha irmãs mais velhas. A capa era linda e o papel idem, daí ler foi natural. Muito do que ali tinha era "código", mas tem coisa melhor que um código secreto para crianças curiosas? Lógico que em dois anos eu já dominava os segredos de NOVA e sabia que o ideál era não contar para ninguém mesmo, senão eu iria perder a boquinha de aprender sobre sexo ao mesmo tempo que aprendia a redigir profissionalmente no futuro. Muito do meu jeito de escrita foi forjado nas lidas de NOVA.

E os livros da escola, os clássicos? Verdade seja dita, eita literatura chata quando se é criança ou adolescente, ruim mesmo. Hoje eu leio por prazer Machado, Guimarães Rosa, admiro Eça de Queiroz, como são lindos! Mas até os 20 anos eu preferia correr a corrida do saco (que sempre odiei e ia bem mal, nunca ganhei nem tenho perfil para isso) do que ler aquelas letrinhas miúdas chatas e refloreadas. Os livros deste segmento dito educacional na época eram, acho, produzidas com a sobra da sobra da restituição do imposto de renda, creio. Era muito feito, bem coisa de economia de palito de fósforo e não motivava ninguém, que dirá criança ou adolescente! Enfim, ler aquilo era um martírio.

Hoje eu leio qualquer coisa se for em português, seleciono um pouco se em inglês por questões de conforto mesmo; não economizo comprando livros, são um investimento no meu lazer precioso - mas economizo sim se tiver que comprar bolsa de grife, aliás nem compro! - e adoro presentear com livros. Escrevo este texto no dia do Amigo, 20 de julho de 2012. Eu adoraria receber livros dos amigos e assim ofereço o meu "vício" como presente aos meus amigos queridos: que leiam muito, muito, muito, seja livro impresso, seja pdf no computador, seja no kindle, tablet ou onde mais for. Livro, revista, jornal, blog, site... tudo é leitura, e com destaque honroso especial aos gibis, meus eternos colegas de alegria e aprendizado. Viva a leitura!!!!!!

Comentários

David disse…
Eu gosto de ler histórias para os meus filhos. É muito importante para estimular a leitura. Leio-os enquanto espera para Delivery Vila Mariana de alimentos, pedidos a cada noite. Beijos

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