Sabores diferentes que aos poucos se tornam comuns...

Surpresa boa foi saber que a família do presidente americano Barack Obama – todos os membros, inclusive o presidente – são vegetarianos veganos, ou seja, não comem qualquer tipo de derivado animal. Aproveito para esclarecer que ser vegetariano implica em não comer carne de animal algum: peixe, ave ou mamífero. Vegetarianos comem derivados, como ovos, leite, queijos; veganos nem isso.

O interessante é que, há duas décadas, isso seria muito, mas muito improvável de ocorrer. A norma era a alimentação carnívora simplesmente por ser a norma corrente. A mudança de pensamento visando o bem estar dos animais é algo muito recente, digo até que vem florescendo com a mudança de milênio. No Brasil ainda é embrionária, temos muito o que desenvolver inclusive no campo da nutrição dos carnívoros – boa parte das pessoas sequer analisa o que come, simplesmente ingere como num movimento automático. Há ainda o aspecto da funcionalidade do alimento, tema novo que abre um caminho próspero de qualidade de vida a quem tem restrições em sua saúde.

Hoje comemos tofu das mais diversas formas – sim, é possível fazer do queijo de soja iguarias tanto salgadas quanto doces – assim como consideramos ingerir cogumelos diversos, do paris ao shimeji, cultivados no estado de São Paulo por pequenos produtores, por vezes os mesmos que cultivam morangos por conta da delicadeza e fragilidade do processo. Crianças comem sushi, manejam os palitinhos com ou sem elásticos sem torcer o nariz para uma comida diferente. Aliás, o diferente é que é interessante.

Os cardápios estão mais variados: tem espaço para experimentações, seja das espumas salgadas criadas pelos espanhóis e popularizadas na gastronomia até a revisitação da comida nordestina que ganha espaço no mundo todo. O baião de dois tem menor teor de gordura, é rico em fibras e carboidratos mais complexos, podendo ou não ter carne, como na receita do famoso Mocotó, do chef Rodrigo Oliveira, localizado na pontinha da Vila Medeiros – bem distante do agito gastronômico, e que vale muito a visita. Falando em Mocotó, uma dica boa é a caipirinha de saquê com caju feita ali, a melhor de todas.

E isso me lembra que a caipirinha ficou mais saborosa com as frutas brasileiras misturadas ao saquê japonês e mesmo a brasileiríssima pinga. Pinga cachaça, da cana de açúcar, que no passado era bebida de pobre e de homem, pelo senso comum; hoje é charmosa, “da terra”, e fica linda colorida em quem a desfruta com um sorriso.

A comida não precisa ser animal para ser gostosa; posso até dizer que comida animal crua está longe disso: é gordurosa, tem muito resíduo e sangue. Não faz de ninguém mais forte ou valente, mas sim irritadiço, como estudos sobre comportamento e nutrição começam a apontar. Comida animal é fonte de colesterol ruim em sua maioria – a exceção é o salmão e peixes de água fria.

Há muito sabor pronto para ser desvendado, e o momento propicia experimentações. Obama e sua turma não me pareceram fraquinhos, raquíticos ou desnutridos. Meus amigos vegans também não mostram aspecto cavernoso. Procuro ingerir pouca carne porque me sinto bem melhor e mais leve, com elasticidade e flexibilidade; sinto a vida mais feliz. Experimento sabores e não estouro minhas finanças com isso. Pelo menos percebo que, num tempo muito próximo, o paradigma da comida será bem melhor para todos nós, principalmente os animais, que como nós, merecem dignidade.

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