Cérebro

Ontem soube que a menina Marcela de Jesus havia falecido há quase quatro dias. Para quem não sabe, é a garota que nasceu sem o cérebro totalmente desenvolvido (parte do tronco cerebral existia, e foi capaz de estimular as funções corporais e básicas neurológicas) e é caso único no mundo por ter vivido quase dois anos (iria completar em novembro deste ano).
Há ainda muito a saber sobre o cérebro e tudo o que oferece; as pesquisas não se esgotam e cada vez mais vem sendo provado - empiricamente - que o cérebro consegue se adaptar a tudo, e mesmo reestruturar áreas perdidas, religar extensões afetadas. Diferente de muitas células que temos no resto do corpo, as cerebrais tem vida mais longa e maior agilidade em se reconstruir, curar-se, digamos.
Mas o feito do cérebro pequeno, irrisório de Marcela foi marcante. Ela quebrou um paradigma, que bebês sem o cérebro desenvolvido viveriam horas, e só. Ela morreu por conta de uma broncopneumonia aspirativa, decorrente da deglutição de leite. Fato que pode acontecer com crianças saudáveis. Não foi o cérebro quem a levou. Pelo contrário, foi quem a trouxe e fez dela a prova cabal do novo paradigma.
O que as pessoas comuns podem fazer com seu cérebro, completo desde o primeiro suspiro?
Tudo.
Está provado pela neurociência que o cérebro é pouco usado não por questões físicas, mas por estilo de vida, estimulação, informação, exercício. Quanto mais estimulado, mais se expande, num processo sem fim. Mais a inteligência se aprimora, mais informação se transforma em conhecimento, e conhecimento é a divisória que separa os bem sucedidos do resto.
Marcela não tinha todo o cérebro e fez dele tudo o que pôde, inclusive sorrir. E muita gente sorriu com o cérebro faltante dela. Ela demonstrava carinho, reagia ao abraço, aceitava todo o amor incondicional das pessoas. Todo seu corpo foi inteligente para viver bem enquanto viveu.
Fica para pensar, já que todos temos cérebro. E nós? E nosso cérebro? Usemos!

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