O encontro de Deus (ou São Paulo a Rio via Minas...)

Desde cedo ouço falar em Deus. As primeiras informações davam conta de um ser que tudo via, tudo sabia e tudo controlava. Ele não era visível, mas a imagem divulgada era de um homem mais pra velho, que ficava sentado em alguma nuvem observando e julgando o que as pessoas – seus filhos – estavam fazendo. Era vigilância 24 horas por dia 365 dias por ano. Nem precisa dizer que este Deus dava mais é medo.

Com o tempo ouvi definições de Deus, cada uma com mais ou menos sofisticação. Desde “Deus é tudo” até “Deus é a inteligência maior, suprema reinando em todo o universo, causa primária e fundamental de todas as coisas” (esta especialmente era do tipo “vamos decorar”, porque ficava bonita dita por uma criança, não é?).

Mas este Deus começou a me fazer pensar com insistência, tanto acerca Dele quanto de tudo o que existe. Lembro de um dia ter pensado, aos nove anos, como ficaria o mundo se eu não existisse mais, ou mesmo se nunca tivesse existido. Foi bem curioso chegar à conclusão que eu estaria no nada, e o mundo iria continuar seguindo naturalmente... sem falar que este dia iria chegar, afinal por certo todos vamos morrer um dia... Confesso que pensar isso e chegar a este pensamento foi extremamente reconfortante – eu achava que era o centro do mundo, e isso implicaria numa responsabilidade que definitivamente eu não queria ter.

Passada a surpresa por perceber que o mundo girava além de mim e Deus estava mais do que envolvido nisso, ficou mais fácil perceber Deus. Cada dia de sol lembrava Deus, pela acepção da perfeição. O dia amanhecia perfeito, extremamente bem resolvido, e terminava divinamente. Isso me fazia perceber Deus.

Perceber Deus ajudou a tirar a carga das costas Dele para que eu vivesse mais despreocupadamente. Ele tudo vê e cria, portanto posso cuidar da minha vida tranquilamente, pois Ele está vendo. Se sou filha Dele portanto também tenho um tiquinho de divindade, e posso usar esta capacidade para por divindade nas minhas atitudes e vida. E se Ele é tão bom, bacanudo, sensacional, com certeza Ele está torcendo para que eu me sinta divina também.

Depois que percebi Deus nas coisas que faço e que também não faço, o passo seguinte foi desvincular Deus dos sistemas e dogmas. Eu não precisaria torcer para um time para ver jogos de futebol, portanto usei esta analogia para entender que Deus não precisava estar numa igreja ou crença, religião ou seita. Ele poderia estar somente na vida, que é de onde partem os times e todas as igrejas e crenças. É na vida que a coisa acontece, e quem faz acontecer nela é Deus, seguramente.

O bom de chegar a conclusão que Deus não era personificável foi tirar a carga de culpa, isso sim um fardo que não foi Deus quem criou, mas sim os homens, mulheres e adjacências que povoam o universo. Eles pensaram em como fazer com que pessoas fossem controladas e criou o mecanismo da culpa – que sabiamente foi estudado desde Freud por muitos bons pesquisadores, filhos de Deus, claro. O mecanismo da culpa tem sido muito poderoso, porque é utilizado por muita gente para controle de si mesmo e dos outros, com grande eficácia em boa parte dos casos. Mas Deus não controla ninguém, até porque dá o livre arbítrio – você escolhe o que vai fazer com sua divindade interior, meu bem – e o que você escolheu passa a ser sua escolha divina.

Lógico que na minha vida vários fatos puseram à prova o meu Deus e tudo o que me rodeava, como certamente aconteceu com muita gente. No entanto, mesmo quando as coisas ficavam muito complicadas a perfeição da vida fazia-se ver nos dias que sucediam, e nos pequenos milagres que ocorriam. Daí percebia novamente Deus e assim eu recuperava meu poder de divindade. É certo que este poder não impediu explosão de Torres Gêmeas, Tsunamis e mesmo eu ter perdido um vôo por conta do trânsito terrível até Congonhas...

Hoje chego a conclusão que nesta dimensão de planeta Terra fica muito complicado definir Deus. Muito mais fácil é alinhar Deus como a natureza O vê: por perceber, sentir e vivenciar Deus. Os animais sentem Deus, assim como a floresta, os mares, os rios, a chuva e tudo que o mundo oferece. Perceber Deus pode ser um caminho melhor para entender esta perfeição, e por compreender a perfeição trazer um pouco dela para o nosso cotidiano, fazendo do momento presente um momento divino, tanto pela ajuda Dele quanto a minha. Por estar consciente Dele e de mim mesma, como filha Dele, usando o espaço que Ele me deu para viver e viver bem, pois esta é a minha vontade e a vontade Dele, o que tenho certeza. E tudo isso sem precisar ir daqui ao Rio via Minas...

Comentários

Violetadeoutono disse…
Meu, tb acho que n tem como falar quem que é Deus, é coisa de sentir na natureza. Quem fala muito de Deus no fundo nem anda com ele.
Anônimo disse…
Falar de Deus eh facil, qquer um fala a boca eh livre, quero ver encarar no juizo final hehe

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