O bem que você me faz

Hoje eu tenho você aqui junto comigo enquanto crio este texto, que é uma forma de contar para o mundo – e principalmente para você – o quanto sua presença tem feito tão bem na minha vida.

O dia que eu te vi pela primeira vez não era originalmente pensado em te trazer pra casa; eu estava somente de passagem, e a minha curiosidade me fez parar na lojinha do shopping para ver o projeto de adoção de animais abandonados. Como a loja era do lado do caixa automático, não custava nada passar ali.

Os primeiros que eu vi eram grandes, com olhos extremamente dóceis, e você estava lá no cantinho, encolhido, pequeno. Na hora eu estabeleci um carinho imenso por você. Nem pensei antes de falar com o Marcelo para saber mais a seu respeito. E ele, espertamente, percebeu que eu seria a pessoa certa para você, ou como se diz em inglês, “the one”. Ele me perguntou se eu queria pegar você no colo e assim tudo começou.

Na primeira hora você nem olhava nos meus olhos, achei que era porque não tivesse curtido a companhia. Depois soube que você tinha ido para um lar e foi rejeitado, vai ver que este receio te fez evitar maior intimidade, deve ser isso...

Fui avisada pelo pessoal do clube que, se não desse certo, eu poderia te devolver. Confesso que pensei nisso no dia seguinte porque as coisas não foram um mar de rosas, entretanto não foi também uma calamidade. O que me fez pensar em te devolver foi a suposta perda de liberdade: como fazer na hora de viajar, ter a responsabilidade sobre alguém, etc. Mas este pensamento passou.

Eu também pensei que você depende exclusivamente de mim, e isso é uma bela responsabilidade; ao contrário de sentir desconforto com isso eu senti foi uma grande satisfação de ser responsável por sua felicidade. Este sentimento tirou qualquer leve menção de medo de viver ao seu lado, e acho que isso te deu a segurança para olhar nos meus olhos sempre que eu estou pertinho de você.

Todos os dias eu agradeço por você estar na minha vida, e o detalhe é que sempre desejei ter você, mas eu não sabia o seu nome ou ainda onde você estava, vivia, etc. eu adoraria saber o seu passado para compreender a sua história – que agora tem a minha interferência direta, veja só! Não que isso vá mudar o que eu sinto por você, mas entendo que todos queremos ter uma raiz, um ponto de origem da trajetória. No entanto, você nem precisa disso, pois me ensina todos os dias a viver feliz o aqui e agora, sem pensar no passado. Principalmente no seu caso, cujo passado não é muito bom de ser lembrado.

Enquanto eu escrevo você dorme no meu colo e eu agradeço o milagre da sua existência, do seu carinho e da sua paz na minha vida, mesmo quando deixa bem claro que não é perfeito e ainda erra na hora de fazer xixi.
Obrigada, Fred.

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