Re-volta
Hoje cedo, SP Brasil, assisti ao programa da Oprah e fiquei surpresa em rever astros da minha adolescência, Donny e Marie Osmond. Nos idos de 1977, estes dois eram o que já foram Sandy e Junior, só que numa escala infinitamente maior. Eles eram a dupla de irmãos americanos que sintetizavam bem os valores da América, como eles gostam de dizer. Ela sempre à direita, ele sempre à esquerda, sorridentes, bonitos, corretíssimos, perfeitos. Tudo de bom.
Eu achava encantador e tinha isso como benchmarking (eu não conhecia este termo na época, ok).
Trinta anos depois, e muitas novas bandas, artistas, modelos e outras coisinhas que tiveram seu momento benchmarking na minha vida, eis que revejo e me surpreendo com o que aconteceu com ambos ao longo deste tempo. Com quase 50 anos Donny me pareceu muito bem sucedido, superou a falência (quando que eu imaginaria isso!), com quase 30 anos de casado, visual bem cuidado, sorriso intacto. Marie mostrou sua fragilidade, sua ternura e o sorrisão, mesmo com o olho brilhando com lágrimas que insistiam em querer sair, mas ela controlou bem. Com um casamento desfeito e a naturalidade de quem viveu na frente da TV, contou sua história de coração aberto - como deve ter sido ao longo de todo o tempo numa vida vista por milhões desde os dois anos de idade.
Eles tinham outra característica marcante: eram mórmons e assumiam isso tranquilamente. Nunca se queixaram de restrição ou pré julgamento por isso, sendo ou não uma escolha. Donny afirmou ter casado virgem, como manda a doutrina. E parece que está feliz assim.
É interessante ver as voltas, o que foi feito daqueles que fizeram parte da história, seja a minha, seja a de milhões. No Brasil Donny e Marie não ficaram conhecidos, era um tempo que as coisas demoravam muito pra chegar aqui, levavam meses... era como se vivêssemos num mundo paralelo, restrito, isolado do resto. Mas em vários países eles eram conhecidos, além dos EUA.
Imagino a cobrança que sentiram - Donny comentou sobre a solidão - de ter a vida mostrada ao vivo para tanta gente desde tão cedo. E ainda hoje percebi, nos olhos deles, da Oprah e da platéia que eles fazem diferença. Muita gente ficou surpresa ao ouvir Marie assumir claramente sua infelicidade conjugal e a vontade de encontrar um homem para amar. Algo inesperado para uma menina tão perfeita.
Eles foram muito famosos nos anos 60 e 70, tiveram seu momento de reclusão nos anos 80 e 90, Donny perdeu muito dinheiro, Marie se dedicou ao casamento, mas ambos voltaram à cena após o ano 2000, seja ele no teatro, com sucesso, e ela no conhecido "Dancing with the Stars", a dança dos famosos que tem agora em todo lugar no mundo nas TVs. O encantamento mudou, o sorriso não. Mas a lembrança do passado ficou ainda mais brilhante.
Eles agora voltam mais uma vez, cantam juntos, são competentes e podem refazer, continuar. Ou ainda cada qual seguir seu caminho - é o que parece que acontece agora, projetos solo - mostrando o quanto tudo muda o tempo todo no mundo, exceto os valores fundamentais: o sorriso, a alegria e a competência. São as tradições, como é a imagem da águia americana, tão ou mais forte que o vermelho, azul e branco da bandeira.
Para eles, e para quem quer retomar, fica a boa volta.
Link do programa da Oprah http://www2.oprah.com/videochannel/videochannel_player.jhtml?video=1269&category=14
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