Pranayama
A palavra sânscrita pranayama significa controle sobre o prana – o alento, a respiração. Processo que fazemos sem pensar sobre ele, simplesmente deixando o ar entrar e sair, e em poucas ocasiões focamos nossa atenção a ele.
Como é a base da yoga, e estendo isso a toda e qualquer técnica meditatória, o respirar encerra múltiplas possibilidades além da nossa simples sobrevivência. Nos textos referentes a yoga, datados de mais de cinco mil anos, o respirar controlado - o pranayama - é definido como a suspensão consciente e voluntária da entrada e saída de ar. Mais que tudo, pranayama tem como objetivo trabalhar exercícios respiratórios e de concentração que visam a transcendência e libertação.
A parábola de Swami Vivekananda apresenta o pranayama de uma forma interessante, a qual transcrevo: "diz-se que o ministro de um grande rei caiu em desgraça; como punição o rei mandou prendê-lo no alto da mais elevada torre do reino, para que ali ficasse isolado e se consumisse. O ministro tinha sua fiel esposa, que à noite correu ao pé da torre e, chamando o marido, perguntou o que fazer para ajudá-lo e sair e reparar a injustiça. O ministro pediu a ela que voltasse na noite seguinte trazendo uma corda grossa, um forte barbante, um carretel de fio de cânhamo e um outro de fio de seda, um besouro e um pouco de mel.
A esposa obedeceu e trouxe a ele os objetos pedidos. O marido orientou a esposa que atasse a extremidade do fio de seda ao corpo do besouro, que lhe untasse os chifres com uma gota de mel e que o colocasse sobre a parede da torre, deixando-o em liberdade e com a cabeça voltada para o alto. Assim ela fez e o besouro principiou sua viagem. Sentindo o cheiro do mel diante de si, trepou lentamente, com a esperança de alcançá-lo, ate que chegou ao cume da torre. Apoderando-se então do besouro, encontrou-se o ministro na posse de um dos extremos do fio de seda. Assim, o ministro pediu à esposa que unisse no outro extremo o fio de cânhamo e, depois que este foi puxado, repetiu o processo com o barbante e finalmente com a corda. Com esta, finalmente o ministro conseguiu sair da torre e voltou à liberdade”.
De acordo com Vivekananda, “o respirar é o fio de seda e, aprendendo a dominá-lo, apoderamo-nos do fio de cânhamo das correntes nervosas, destas fazemos outro tanto com o forte barbante de nossos pensamentos e finalmente apoderamo-nos da corda do prana, com a qual atingimos a libertação".
O primeiro passo para isso começa no respirar bem, para assim viver bem. O ser humano é o único mamífero que, por maus hábitos ou causas patológicas, consegue respirar pela boca. A respiração pela boca traz problemas diversos e grandes desequilíbrios, como a pouca quantidade de ar nos pulmões. Quem respira pela boca tem uma asfixia parcial e é mais afeito a problemas por germes do ar, já que o trabalho de filtragem do ar, feito pelas narinas, não ocorre neste processo. Em temperaturas baixas o nariz age como um aquecedor natural do ar, para que ele chegue aos pulmões com mais suavidade, sem irritar a delicada membrana interna deles.
Pelo respirar absorvemos ar e também a energia cósmica de uma das melhores formas, inalando e exalando. Pessoas com baixo nível de energia normalmente tem baixo grau de oxigenação corporal. Aqui temos alguns cuidados que podem vitalizar e energizar seu organismo:
1 – Observe mais a sua respiração, ao falar com as pessoas, ao dirigir, enquanto trabalha ou enquanto assiste a um bom filme. Note que a respiração deve ser natural, relaxada, mas profunda e abdominal.
2 – Ao inspirar ar, é a barriga que projeta para a frente, e não o peito. Esse é um erro comum, inflar o peito ao respirar. O que deve se movimentar é a barriga, expandindo-se à frente e nas laterais e costais, usando toda a capacidade pulmonar. Fazendo assim, o diafragma massageia as vísceras abdominais, intensificando o funcionamento delas, e também o mecanismo de aspiração do sangue dos membros inferiores e do abdômen - através da veia cava inferior – torna-se mais forte, melhorando a circulação.
3 – Pratique um esporte que estimule uma respiração eficaz, mais forte e profunda, que é diferente de uma respiração cansada, esbaforida ou afoita. Caminhar, nadar, pedalar e mesmo esportes em grupo podem ajudar muito contanto que sua mente esteja atenta ao ritmo da respiração.
4 – Este exercício yogue pode ser feito a qualquer horário. Comece pela manhã, quando o ar é melhor: cubra a narina esquerda com o dedo indicador e expire todo o ar dos pulmões com a narina direita, então mantendo o dedo indicador tapando a narina esquerda, inspire e segure por um ou dois segundos. Cubra agora com o mesmo dedo indicador a narina direita, expirando o ar pela narina esquerda. Assim, continue, inspire então e segure por um ou dois segundos. Mantenha este ciclo por dois ou três minutos, sempre mudando de narina. O objetivo deste exercício é ativar o organismo e equilibrar o Yin e o Yang internos, canalizando a energia dos chakras corporais. A sensação final é de leveza, mas com energia!
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