Exemplos

Definitivamente, a vida é bem mais fácil para quem mora nos trópicos. Não há mau humor que resista a um amanhecer ensolarado, mesmo que ao longo do dia seja calor que incomode. Mas o dia bonito, azul e convidativo tira qualquer nuvem pesada da frente do olhar preparado.
O externo afeta o interno, sem dúvida. Mesmo que este interno esteja bastante sedimentado, sempre há espaço para uma brechinha, para fazer pensar. Daí que o conteúdo da mente, leve ou pesada, dispõe de um "trechinho" para a entrada do diferente, do diverso.
E o aprendizado é feito por tudo isso, externos diversos. Sabemos que recebemos infinitos estímulos, e que todos são absorvidos, mesmo que não percebamos. Eles estarão lá, e um dia podem aparecer, ou nunca aparecer, permanecerem guardados no subconsciente. São como os livros que compramos ou ganhamos e não iremos ler, mas também não serão postos fora.
Vão formar uma biblioteca de informações, para algum momento, talvez.
Nesta biblioteca extensa de cada um de nós boa parte é formada por elementos que não processamos, pelos livros que não escrevemos, mas pelo que entrou no nosso universo e permitimos. Posso dizer que a maior parte são "obras de referência". São os conceitos da família, dos amigos, escolas, processos profissionais, enfim... um pouco de tudo, até daquilo que não gostamos, mas está lá também.
Servem como referência. Podemos descartar, se quisermos.
Esta semana recebi um material muito instigante sobre as tralhas que carregamos na vida. Tralhas escolhidas, tralhas não conscientemente escolhidas. Tralhas dos outros que ficaram para "algum dia", e tralhas "para o caso de necessidade...". Ria: no momento de necessidade, imperativo mesmo, vão ser estas "tralhas" que irão te salvar???
Como carregamos coisas do externo, e mimetizamos no nosso interno... e ficam ali como "escudo de proteção". O interessante é que ocupam espaço, principalmente quando seu tempo passou e somente elas permaneceram atulhando o ambiente - no caso, nossa mente.
Assim como muita gente periodicamente limpa e organiza sua biblioteca física, podemos usar o exemplo para nossa biblioteca interna de sentimentos, lembranças, coisas, imagens, conquistas. Será a hora de colocarmos as conquistas mais em evidência e deixar as rusgas lá no fundo? Ou ainda abrir espaço para as novas conquistas - pois a área delas está tão restrita... - e muito mais área para as alegrias?
Nossa biblioteca pode e deve ser uma obra de referência constante para nós mesmos, pois nela temos uma das chaves do amor mais autêntico possível: o nosso por nós, o de si mesmo. E é bom relembrar dele, é nossa base e nosso exemplo.
Parece egoísta e egocentrado? Engano seu. Meu e de toda uma sociedade que prega isso para que nos distanciemos mesmo do nosso Eu. Olhamos sempre para fora, para o externo e esquecemos o quanto temos para rever, analisar e assim crescer. Só podemos e conseguimos amar plenamente quando partimos de nós para os outros. Da nossa biblioteca para a dos outros.
Pense nisso.

Comentários

Anônimo disse…
Parabéns pelo texto. É muito importante estarmos atentos ao que carregamos diariamente. Para viver a vida com mais leveza é necessário que vez em quando deixemos algumas "tralhas" pelo caminho. O que não podemos deixar nunca é o amor, a solidariedade, o respeito, a ética, a bondade, a fé e tantas outras coisas que nos fazem caminhar melhor.

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