Comparações entre culturas

Antes de tudo, aviso: em nenhum momento podemos dizer que há superioridade cultural. Comparar culturas é interessante para que possamos entender melhor sistemas de valores e crenças, e nunca como medida de desenvolvimento ou saber. Até porque o caminho do conhecimento pressupõe a expansão constante, e graças a Deus, nunca estará esgotado. Que bom!

O interessante na análise e observação de culturas é o que tem valor para uma e para outra, o que integra o viés de percepção de uma e de outra. O tema, mais do que por base acadêmica, veio à minha mente na observação do relato de duas amigas sobre um mesmo ponto de vista: o papel da mulher na nossa sociedade.

Uma delas, que tem muito acesso a viagens e constantemente devora livros (nisso somos semelhantes!) comentava sobre a diversidade culinária, a riqueza dos instrumentos culinários modernos e receitas com sabores históricos. A outra, que também preza viajar, mas não é afeita a experienciar, pouco faz uso da cozinha, deixando na mão de terceiros. Bem, mas as duas vieram em casa e o foco que deu origem a tudo foi a observação de uma faca!

A primeira enumerou todas as características necessárias para compreender o universo das facas: o corte, o serrilhado (que não se presta a corte de frutas ou elementos macios, mas sim a pães e cortes secos, sabia?), o peso da lâmina e o embainhamento (esta parte eu ouvi mas entendi pouco...). Confesso que eu sabia também pouco de todos os tipos e subtipos de facas e suas utilizações.

A segunda resumiu tudo com “faca é pra cortar e pronto”, porque de fato, o tema não faz parte do universo dela, nem do sistema de valores. Para ela, faca é pra cortar, e só. Sem delongas. Eu me lembrei de uma aula na universidade, há muito anos, quando foram mencionados os diversos tipos de neve – e como aqui no Brasil neve é algo raríssimo, eu só imaginava aquela coisa típica do Natal, bonitinha e decorativa. Anos depois, caí e escorreguei diversas vezes na sutileza das variáveis que a neve representa... em meio ao calçamento das ruas novaiorquinas. Este exemplo ficou, para mim, como a imagem de estreitamento que temos quando não compreendemos a fundo uma determinada cultura – e portanto, achamos que nosso sistema é que predomina, somente ele.

Como no início, não há culturas melhores ou piores, mas a nossa abertura mental para o novo dá condições de aprendermos com o viés dos outros, com o olhar do outro e assim ter a empatia necessária para a compreensão de diferentes pontos de vista. Sem críticas, mas como observadores atentos, principalmente se queremos viver bem e com qualidade em meio a quem quer que seja. Basta querer e tentar.

Como diz o Paulo Coelho, a oportunidade somente existe para o olhar preparado. Como eu digo, oportunidades são como estrelas no céu; quem se habitua a erguer o olhar para o universo verá a cada dia mais e mais estrelas, que são inúmeras e infinitas!

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