Ronald Reagan


A ponta do fio de Ariadne que me fez trazer Reagan à baila foi o clipe de World Destruction, produção deliciosa de ouvir do DJ Afrika Bambaataa e John Lydon (aquele do Sex Pistols, que já foi Johnny Rotten, o dos dentes podres). Nele Reagan aparece até mais que a música. Pudera.

Lembro do meu pai inconformado com o fato que Reagan tinha ganhado a disputa pela presidência dos Estados Unidos. Como poderia um ex-astro mediano – põe mediano nisso – de filmes B Hollywoodianos ter seguido uma carreira política baseada no Oeste e conseguir o cargo máximo no país? Outro detalhe é que Reagan era divorciado; isso, no início dos anos 80, ainda era um tabu, que chegava a ser constrangedor para um político de primeira linha seja nos EUA ou aqui.

Na foto, ele não parecia ser alguém carismático como Kennedy. Era mais velho que meu pai, e tinha até similaridades com o modo de pensar. Reagan me passava, no inicio do seu mandato, um daqueles presidentes que iria fazer sua parte e mais nada. Aliás, nada mais errado.

Com o tempo fui me aproximando da história de Reagan pelo caminho mais inusitado: visitei a Califórnia em 1988, e como boa mochileira fiz os frilas disponíveis que uma viagem sem destino é capaz de trazer. Dentre eles, um foi diferenciado: fiz um dia de campanha política para Michael Dukakis, o oponente de George Bush pai (e que iria suceder Reagan para o próximo mandato). Conheci em cinco minutos o que significava ser democrata, e entendi (também em cinco minutos) o perigo que viria a se vislumbrar se os republicanos continuassem no poder – Reagan era republicano desde 1962, e antes disso foi democrata, representante do sindicato dos atores, e portanto conhecia bem os dois lados da moeda. Para quem era pós adolescente, foi muita informação ao mesmo tempo; o que importava era o dinheiro deste trabalho.

Reagan foi sucedido por Bush, e após seus dois mandatos que fizeram história – para o bem e para o mal, na minha opinião – entrou num lento declínio via Alzheimer. E este declínio coincidiu com o de meu pai pela mesma razão. Posso creditar a Reagan o fato de ter divulgado sua doença como uma forma de compreensão do que afligia o meu pai nos idos de 1994; poucos médicos sabiam lidar com este problema adequadamente.

Hoje posso dizer que quero entender melhor a trajetória deste homem que permanece vivo no século 21 por desdobramentos que acompanho: a vida de melhor qualidade em Angola após o fim da polarização exacerbada patrocinada pela UNITA; uma China próspera e crescente mesmo com os abusos à vida e cidadão. Uma Cuba que insiste em viver com o perfume do passado e consegue (incrível!!!!) iludir gente capaz de comprar camisetas com Che maiúsculo... além de persuadir presidentes que também foram sindicalistas a apoiar tal desenho. Tudo isso tem, em muito, as mãozinhas do Reagan.

E na minha pesquisa encontrei imagens impagáveis que me fizeram reconsiderar a falta de charme kennedyiano (ou será kennedysta) do Reagan, veja lá no alto. Concorda que poderia vir a presidir a America algum dia?

Comentários

Parabéns pelo blog e sucesso! Sou professor de filosofia, procuro conciliar filosofia e gestão de pessoas! Estou no inicio do projeto!

Postagens mais visitadas deste blog

Afinal, é para dizer “saúde” depois do espirro ou não?

Acomodação ou Acomodamento?

Parábolas de gestão empresarial – autor desconhecido