Mas eu preciso mesmo planejar? E se o plano der errado????
Ah, a cultura brasileira que gosta de um improviso
fica incomodada quando o tema Planejamento vem para a mesa!
Antes que algum julgamento aconteça, é preciso
entender que a formação do nosso país partiu exatamente de um planejamento que
trouxe resultados melhores do que o esperado. Sim, os dados históricos são
claros em revelar que Portugal via no Brasil o cenário de médio prazo como uma
fonte de recursos que a área territorial lusa não dava conta: solo extenso,
rico e com minérios importantes. Havia um planejamento, embora para muita gente
pareça que fomos colonizados ao acaso – e esta crença da improvisação foi
perpetuada pelos livros e por séries de Televisão – mas o fato é que tudo que
prospera parte de um plano, sendo que há liberdade criativa de ajustar o plano
conforme o cenário onde se desenvolve.
Muitos empresários brasileiros ouviram histórias de
gente que começou um negócio por necessidade, seja porque perderam o emprego ou
por um dinheiro extra frente aos compromissos e assim acreditam que o improviso
e o “sair fazendo” vão dar conta do recado. Provérbios como “o que não tem
solução resolvido está” acabam sendo compreendidos de forma equivocada e com
isso questões relevantes não ganham o tempo requerido para serem analisadas
visando chegar a uma solução. Tudo isso para entender que, sim, nós empresários
precisamos de planejamento – e isso é bem diferente de um engessamento.
O planejar para o nosso negócio e mesmo para nossa
vida pessoal é o que faz o foco, a persistência e a resolução deixarem de ser
palavras e se tornem prática de resultados. Tirar uma manhã para analisar os
rumos do seu negócio, olhar com frieza os números e criar uma rota de navegação
para atingir um objetivo segue os passos abaixo:
1. Enxergue
sua empresa e sua atuação como quem olha uma história que não é a sua – Esta etapa é a mais
difícil porque as sabotagens são comuns: “não tenho como parar para fazer
isso”, “é coisa de desocupado, ficar pensando não põe cliente na empresa” entre
outras frases costumam habitar o pensamento. Se a sua rotina está
sobrecarregada, já temos aí algo errado, mas sem sair do foco, tire uma parte
do dia, preferencialmente uma manhã para olhar por no mínimo duas horas o
histórico da sua empresa, o quanto rendeu, quanto teve de retorno se por
exemplo o mesmo dinheiro fosse aplicado no mercado financeiro. Seja o auditor
da Receita na sua empresa, e analise sobretudo o seu comprometimento com o
negócio. Nada de vítima ou de vilão: perceba como tem atuado, enxergue a si
como o funcionário de você mesmo e avalie se merece uma “promoção”, ou pede uma
“correção”. Isso é algo para ser feito por você primeiramente, e depois
proposto aos seus sócios, se tiver.
2. Todo dia é
tempo de começar algo novo, mas empregando o que já existe – Nada de querer largar
tudo ou considerar que seu negócio é um caso perdido. Não faltam exemplos de
empresas que iam mal das pernas que, com uma gestão eficiente e focada,
reverteram o quadro para lucratividade e resultados positivos. Faça o mesmo com
a sua ou melhore o retorno tendo em mente que não se trata de procurar
culpados, mas ter direcionamento em enxergar as forças e fraquezas do seu
negócio. Olhe os competidores, os concorrentes com olhar neutro, como quem quer
aprender (e não julgando méritos); pense em como inovar dentro do que já
existe. Coloque NO PAPEL, POR ESCRITO. Nada de ficar com as ideias na cabeça e
depois esquecer tudo, com a desculpa da falta de tempo.
3. Crie o
plano sabendo que sim, vai errar – Um avião decola neste instante junto com muitos
outros, milhares que cruzam o céu deste planeta. Todos eles tem um plano de voo
que é ajustado durante o voo, levando em conta instabilidades e eventualidades,
que vão desde nuvens carregadas eletricamente a aves em altitude inesperada. A
vida empresarial é como este voo: terá incertezas e mudará constantemente, mas
tem uma rota desenhada para chegar mais longe. Planejar não significa criar o
“plano infalível e imexível”. É o mapa que levará seu negócio a persistir mesmo
com adversidades, criará oportunidades onde antes estava um cenário estagnado.
Vai ter que ajustar sem perder o objetivo. É um exercício de humildade e
disciplina.
4. Persista no
que decidiu que fará diferente e mantenha o foco – A empresa tem de ter
missão, visão e valores, sendo que estes precisam ser conhecidos de todos os
envolvidos até porque a empresa é um ente maior que as pessoas que o compõem.
Saber qual a visão da empresa e o planejamento para atingir esta tríade com
resultados é o que vai dar a força nos momentos difíceis – sim, não é só a sua
empresa que lida com dificuldades – e evitará a tentação de querer mudar tudo
no primeiro obstáculo. Reveses acontecerão, tanto internamente na empresa como
no cenário externo, mas o plano original precisa ser o mapa de como chegar onde
se definiu: a meta.
Tudo isso citado vale para a vida pessoal, tanto
para quem empreende como para quem é colaborador de uma empresa. A carreira de
quem está empregado pede esta percepção, e quem pretende entrar para uma
empresa ou o mundo corporativo precisa vir sabendo que tudo que é feito tem uma
finalidade: gerar retorno, novos negócios e satisfação dos envolvidos. Querer
alcançar isso por golpes de sorte ou “contando com a astúcia”(como diz o
personagem mexicano cujo criador era um grande planejador de sucessos, Roberto
Gómez Bolaños), ficará à mercê da vida dentro do barril dos sonhos, um caminho
acomodado que leva ao fracasso.
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