Todo o amor que houver nesta via...
Será pouco. Verdade: cheguei à conclusão que amor tem que ser muito, de baciada como diz o feirante, de além da légua e sempre renovando, renovando, como as águas dos rios deveriam fazer na cidade de São Paulo – mas não rolam porque a poluição não deixa, tanto lixo no meio que fica complicado renovar e fluir. Talvez este mesmo lixo do rio paulistano seja pela falta de amor, todo o amor que houver nesta vida.
Se houvesse amor pela vida e natureza penso que teria menos lixo na água que um dia foi clarinha; se houvesse amor nesta vida por todos haveria mais sorriso no rosto de quem pega metrô logo cedo. Com amor na veia o passante poderia olhar para os lados, levantar a cabeça e perceber a beleza dos dias nublados, que antecedem longos períodos de sol. Amor com certeza iria encher a barriga de quem desconta a frustração comendo a mais não poder.
O amor que houver para amar nesta vida pode reconstruir tudo e criar alternativas, como criou um tubo estreitinho para retirar os mineiros do fundo da terra para a volta à luz. O amor fez a vontade superar a expectativa e derramou sorriso em todo o mundo - é pena que por falta do amor ainda precisa ter gente em perigo para assim descobrir o que o amor é capaz.
Todo amor será pouco para todo um mundo que corre desesperadamente atrás dele – o amor. Entra na sala de bate papo, vai em festa ultrafurada para tentar encontrar alguém para extravasar o amor que quase não cabe mais no corpo. Faz o par perfeito, o alma gêmea, cria uma ONG pra chamar de sua ou embarca na ONG de alguém, reza, pensa, procura – mas tudo fora, nada dentro. Procura-se o amor lá fora, bem longe, preferencialmente quanto mais longe melhor!
Amor parece que vive na rua, na avenida e na calçada, na muvuca e na noitada. Amor que se procura será que se acha?
O amor nunca será suficiente enquanto estiver no reino da fantasia, aquele lugar etéreo que funciona muito bem para criar – quantos romances venderam esta imagem e como a compramos bem, não é mesmo?
E nesta via, de tráfego lento até para dar tempo de olhar em torno e encontrar o amor, encontro a flor, que olha todos com ar de natureza, sem cobrar e sem pressa. A flor transborda amor para quem a ela olhar, pena que todos passam depressa.
Assim o amor que houver nesta vida e nesta vida será pouco para os olhos, corações e almas apressadas que deixam a glória da chuva fina tornar-se a vilã e assim contemplam o mundo como um igual, que nada muda e nada mudará.
Só o horário.
Porque a via continua, a mesma, com amor transbordando para dar, que é mais que suficiente. Olhe em torno, e depois para dentro. Veja o que tem em cima e em baixo.
Deixe seu amor fluir. Será mais que suficiente.
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