Votar é preciso – sempre será sua escolha
Estes dias ouvi diversas, muitas, inúmeras pessoas comentando sobre as eleições e concluindo com a frase “nem sei se vou votar”. As alegações são bem variadas – “meu título é do interior então faz tempo que só justifico”, “eu justifico porque é de domingo e isso atrapalha minha rotina”, “melhor não votar e depois pagar uma taxinha para não ser conivente com o sistema (sic)” e a mais contundente “eu acabo esquecendo e perco a hora (rsrsrs)”.
O fato de os candidatos serem bons, ruins, milagrosos, pestes ou qualquer outra definição, sinceramente não importa. Eles são pessoas, tem ideias, e de certa forma correm o risco de rejeição de forma acentuada – já vi o candidato que recebeu só o próprio voto! – mas ao menos eles estão ativamente escolhendo o que desejam para o presente e o futuro. Bem diferente de quem ativamente escolhe passar ao largo do processo.
O fato de os candidatos serem bons, ruins, milagrosos, pestes ou qualquer outra definição, sinceramente não importa. Eles são pessoas, tem ideias, e de certa forma correm o risco de rejeição de forma acentuada – já vi o candidato que recebeu só o próprio voto! – mas ao menos eles estão ativamente escolhendo o que desejam para o presente e o futuro. Bem diferente de quem ativamente escolhe passar ao largo do processo.
Não votar não é apenas uma questão cívica – isso sem dúvida, porque parte do papel de cidadão é contribuir com a coletividade, e neste caso sem o mínimo custo, basta apertar os botões – mas mostra claramente uma questão passiva. Não voto, não escolho, não corro o risco de me envolver na ideia de mudança ou de permanência de alguém, não contribuo com meu pensamento e opinião para a melhoria da sociedade. No âmago da questão há também um sentimento: meu ponto de vista é irrelevante.
Quem não vota não escolhe, ou melhor, escolhe não escolher – uma das mais perigosas formas de deixar a vida nos levar. O raciocínio é simples: eu não escolho, deixo a escolha por conta dos outros, e isso faz com que outros escolham; daí eu que não voto reclamo pela escolha dos outros e me esqueço que fui omisso no momento quando poderia escolher. Depois ficarei a reclamar pela escolha alheia, já que não me envolvi nela por conta de meu pensamento de ‘superioridade”, que esconde meu senso de baixa valia, afinal meu voto, minha escolha, nada valeria mesmo...
Curiosamente, de todas as pessoas com quem falei e que me garantiram que não iriam votar, nelas notei o senso de não escolher, com ênfase no papel de “vítima incólume do destino”. Da mesma forma que não votam, não escolhem – são escolhidas. Não optam – alguém decide por elas. Não opinam – apenas ouvem o pensamento dos outros, embora critiquem todo e qualquer pensamento, seja ele concordante ou discordante. É muito mais fácil escolher pela omissão e deixar o caminho ser modelado – ou modificado – pela mediocridade. “Maria-vai-com-as-outras”, definiu bem uma destas pessoas, como uma piada – afinal, toda brincadeira tem um fundo de verdade...
E para concluir, também ouvi gente dizer que não iria votar porque as pesquisas mostram claramente a vitória de um candidato sobre o outro com larga margem. Este aspecto, para mim, é realmente como “dar a vitória por W.O.”, ou seja, nem o time aparece para a partida, portanto ganha quem está lá, sem nem precisar jogar. Duro é que depois os apoiadores da “vitória” passarão os anos seguintes praguejando contra o “destino impiedoso” e todo o sistema que originou a vitória, claramente esquecendo que foram extremamente úteis para o resultado obtido. Vamos correr o risco de escolher nesta vida, porque temos livre arbítrio. Escolher candidatos, escolher representantes para que nossas escolhas individuais tornem-se cada vez mais vivas. Podemos perder, pois é o balanço da vida. Podemos ganhar, que é o que buscamos. Mas não podemos passar pela vida omissos, que é pior que passar em branco, já que em branco pelo menos é voto.
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