Postura é tudo

Em tempo de ética de menos e escândalo de mais, fica a pergunta que ouvi de uma cliente: qual a medida entre não aparecer (ser invisível) e virar “aparecidinha” (que nada tem a ver com Minha Linda Santinha, devo reforçar)?

Vale pensar sobre como queremos aparecer. Fato é que o mundo atual é muito mais formado por imagens do que há cinqüenta anos. O que me reforça este conceito é justamente algo que no passado não havia e hoje há mancheias: velocidade de informação. Em poucos segundos temos uma fotografia, uma opinião sobre algo, um vaticínio. Depois de formado o pensamento sobre este algo ou alguém, fica muito difícil mudar. Daí, se eu apareci nestes poucos segundos de forma inadequada, como posso reverter – se é que é possível – este quadro?

Saber como quero ser visto é fundamental para pensar em imagem, autoimagem. Isso vale para todos, mesmo quem não está na mídia mas tem a ambição de crescer profissionalmente, pessoalmente, afetivamente, como queira; julgamos muito pela aparência e precisamos ter claro para nós, em primeiro lugar, como queremos que nos vejam. Queremos ser lindos? Queremos ser sérios, intelectuais, divertidos, ricos, simplórios, sofisticados? O que queremos que os outros pensem ao nos ver?

Quando pensamos em nossa imagem e temos uma ideia do que desejamos, passamos ao ponto tema deste artigo: a postura. Postura comunica muito em parcos minutos – uma mulher linda sem postura tanto pode se vulgarizar como dificultar aproximação. Imagine seu cardiologista sem postura, ou ainda num comportamento oposto ao esperado por alguém que irá literalmente abrir seu coração... será que vamos sentir a mesma dose de confiança que teríamos com outro profissional que tem postura firme, decidida e condizente com a atividade que pratica?

Postura adequada tem muito a ver com ética. Fazer aos outros o que gostaria que fizessem para nós é um começo. Pense na satisfação que você sentiria se recebesse um elogio sincero, um comentário inteligente, e ofereça isso a quem de fato mereça. Seja justo e pratique generosidade – que é bem diferente de sair ajudando quem não quer e menos ainda precisa, principalmente quando o intuito é invadir o mundo do outro. Agir com justiça, com generosidade e respeito falam da postura de alguém de forma firme, marcada, que não requer palavras para expressar.

Postura tem a ver com imagem, mas não necessariamente com beleza. O belo clássico pode ser vulgar quando a postura não acompanha com estilo e graça. O feio fica charmoso quando é emoldurado por uma postura altiva, segura, de quem conhece o próprio valor e não precisa da opinião alheia para gostar de si mesmo. OK, vestir-se bem, com estilo e de forma discreta conta pontos, mas imagine uma linda noiva sem postura, largada, reclamando da vida e destilando impropérios... dá pra encarar?

Postura traz segurança no contato social tanto para quem a tem quanto para com quem iremos interagir. Ajuda muito na realização de sociedades de sucesso, sejam profissionais ou amorosas. Postura identifica e esclarece quem é quem, e neste aspecto vale a resposta para a pergunta que abriu o texto: na dúvida, não ultrapasse. Pegue leve, seja mais formal e sinta o ambiente. Não permita que sua postura se vulgarize, não importa sua área de atuação profissional ou pessoal. Excessos não são bem-vindos, assustam e afastam. Postura ereta sempre agrada, traz respeito. Postura torta seria um probleminha de coluna?

Postura de sucesso nada tem a ver com arrogância, aquele ar de quem “sabe tudo sempre”. Pelo contrário, quem muitas vezes muito sabe é o primeiro a ter coragem de declarar sabiamente o seu “não sei”, com postura e elegância. Postura de sucesso traz um sorriso que agrada e é ao mesmo tempo sério, de quem tem conteúdo. Sorrir com os olhos e com o coração faz parte de uma postura digna. E nada consegue ser mais refinado do que o sentido da dignidade, que faz de todos iguais em suas diferenças. Faz milagres nas relações, e abre oportunidades onde havia hostilidade.

Postura é tudo, seja para quem for e como for. Para mim e para você.

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