Economia é psicológica

A frase acima foi decisória na minha história profissional: meu primeiro emprego realmente “responsa” – alinhado com minha formação e com um salário respeitável – foi disputado numa seleção das boas, e dentre as diversas entrevistas uma delas disparei algo que sempre me pareceu muito claro. Embora fosse um tempo de alta inflação, eu pensava (e continuo assim) que o movimento da economia depende muito de como é a percepção das pessoas.

A economia pondera que o valor está não no objeto em si, mas no que ele representa para um grupo social. Vou mais longe: a economia pessoal revela o que a pessoa considera ser o valor. Um bom exemplo é como algumas pessoas lidam com o que, para elas, realmente importa, que pode ser o tênis da moda ou o sentimento de um dinheirinho bom no banco. Cada um responde ao estímulo econômico de forma diferente.

Mas há muitos que usam o recurso financeiro, e portanto conduzem seu desenho econômico conforme seus humores, num sistema de compensações. Se alegres, consomem mais para celebrar; se tristes, consomem mais para diminuir a dor e pesar. Poucas são as equilibradas que podem celebrar consigo mesmas, tendo a si como principal pessoa a partilhar a vitória, ou que digerem a tristeza sem estourar a conta bancária. Sabem que virá o dia de amanhã e dinheiro algum conseguirá pagar o pesar natural da vida, das derrotas que podem dar origem às vitórias.

Crianças atualmente reagem ao estímulo econômico também como adultos, esperando compensações. Se houver a compensação digerem mais fácil tanto o esperado quanto o inesperado. Mas a compensação pode ser interna ou vinda da fonte maior de satisfação, as emoções. Ainda há tempo para repensar a relação dinheiro-compensação.

O sentido de riqueza e de pobreza também obedece a essa lógica. Para uns, ter o saldo positivo com um dígito só é sinal de prosperidade – afinal, não há juros a pagar, já que não há limite excedente para lidar – e para outros é o sinal inequívoco da restrição, da pobreza. Do pouco. Que para muitos é muito.

Mais importante é que cada um saiba como seus humores influenciam e movimentam a roda da economia para si e inclusive para os que o cercam. Aprendemos por exemplos, e reproduzimos no nosso cotidiano, inconscientemente. Ter a consciência, mesmo que eventualmente, de como economia é psicológica transforma-se no primeiro passo para compreender o jogo interno lógico-emocional que cada um de nós traz, e perpetua para si e para quem mais vier à frente.

Pense nisso!

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