A princesa rainha e o rei
Ela,
a princesa, a dama delicada porém de atitude, sempre quis um homem
amoroso ao lado dela. Ele não precisava ser bonito, mas que tivesse
o que falar, dizer e expressar. Ela queria contar com ele para a
acalentar quando precisasse. Que ele a ouvisse, entendesse seu
carinho e afeto. Ela não tem vergonha em se expressar. Ela
simplesmente sente, é profunda como são as sereias. Ela não é
sereia, é viva. Tem pés e anda, movimenta-se, e quer alguém para
movimentar junto. Anda por toda parte.
O
homem que ela desejou e deseja é alguém forte que entende suas
próprias fraquezas. É o homem que sabe que cada dia é precioso,
então não deixa para amanhã ou outro dia a felicidade e a vida –
até porque será que tem amanhã? Provavelmente sim, provavelmente
não. Ele é tão igual a ela, fraco por vezes, forte por vezes. Ela
também, mesmo princesa delicada, tem a força dos pensamentos, da
atitude e da vontade. Não mede esforços, e sabe que o que não
consegue por força material terá por força imaterial – muitos
outros, sob sua liderança, farão o que não consegue sozinha. Ele, o rei, anda um passo de cada vez.
Ela
busca a ele pelo que ele é. Ele busca a ela pelo que ela é. Ele
sabe o que ela é capaz e admira, não projeta sobre ela seu
comodismo. Ela sabe o que ele é e não projeta sobre ele seu medo,
tudo do que foge. Ambos andam juntos com as mãos dadas, para que ela
sinta a proteção dele, e que ele sinta o carinho e amor imensos
dela. Ela, a princesa, dama delicada, tem toda uma maciez que
contrasta com a aspereza dele, principalmente nas palavras. Ela usa a
doçura para se expressar. Ele usa as lanças, aprendeu assim… mas
torna-se um encantado pela suavidade de seu amor.
Com
o apoio dele, ela vai entendendo que tem seu espaço no jogo. Cria
asas mais fortes, porém sempre belas, leves porque alçam os céus
harmoniosamente, sem ferir as outras aves e tudo que no ar vive. Voa
alto e contempla enquanto ele desvenda os mistérios, cria as
ferramentas e inova a cada dia sempre por ter um amor tão belo, tão
incrível que o motiva, o estimula e faz sonhar.
Ela
vai se tornando rainha, e ele torna-se o rei que sempre foi, mas que
disfarçado de asno, de ogro, por medo do julgamento pessoal e por
acreditar não ser merecedor do título, teimava em esconder. Ela
veio sutilmente mostrando, com sua fragilidade e tenacidade, tal como
água em pedra, que era capaz de lentamente moldar a ele para que
viesse à tona a sua essência. Ele perdeu o temor do outro, mas
ainda tinha o temor de si. Foi confiando, aos poucos deixando levar.
A
princesa rainha foi aos poucos delineando a vida com amor, e ele
respondeu amorosamente, no tempo dele e do jeito dele. O rei veio
para a luz, deixou a forma de sapo, mostrou sua verdadeira face.
Juntos
ganharam os jogos. Fizeram e realizaram os sonhos. Criaram a vida.
Deles. E sempre.
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