A sustentabilidade na sociedade depende das ações individuais
Muito se fala sobre preservar e usar melhor os recursos de que dispomos, sejam eles provenientes da natureza, financeiros e materiais, subjetivos e emocionais. Entretanto, o uso inteligente do que dispomos implica em atitudes individuais, mais do que políticas sociais e campanhas divulgadas para a massa consumidora.
Afirmo isso com base em um ponto que tem sido comum no meu trabalho como consultora de finanças pessoais e qualidade de vida – a forma muito inconsciente como as atitudes são tomadas no cotidiano. Boa parte das pessoas – diria que há raras exceções - age muito mais reativamente do que ativamente. Não analisa seus atos antes de praticá-los, simplesmente reage às solicitações do mundo.
No afã de atender a tudo em tempo recorde, muitos não analisam o que têm feito e principalmente o que estão fazendo para atingir objetivos – sejam eles pessoais ou sociais. Por vezes tiram minutos para análise, mas não com a disciplina necessária para fazer o hábito de analisar anteceder a ação de realizar. Concordo que é preciso realizar, concretizar, pois ideias sem concretização frustram e não levam a satisfação pessoal. Entretanto, na correria da dinâmica da vida (imposta por terceiros, em boa parte dos casos), não se pensa no tempo de análise como tempo enriquecido, mas como tempo que é perdido.
O melhor exemplo disso é o retrabalho e suas implicações. Não importa o tamanho da empresa, o retrabalho é sempre visto como problema – e o é de fato. Muito se faz com o objetivo de treinar pessoas e criar planejamentos estratégicos para controlar e minimizar o retrabalho, em muitos casos com sucesso. Mas o que é o retrabalho? Defino este problema (fazer duas vezes porque uma saiu errado demonstra claramente um problema) como conseqüência não da incapacidade ou falta de conhecimento técnico sobre o assunto, mas como falha relativa a descaso de detalhe, falha esta capaz de colocar todo o trabalho a perder. É como errar a receita de bolo trocando o sal pelo açúcar e vice versa. Coisa pequena, porém determinante para o sucesso da empreitada.
O retrabalho é individual e se transfere ao grupo ou à equipe, conforme o caso. Daí a importância de que os integrantes da equipe tenham todos um mesmo objetivo e uma meta para alcançar. Se for simplesmente um grupo de elementos distintos, o que para um parece ser irrelevante para o outro será fundamental, criando-se um campo fértil para equívocos. Quando temos indivíduos com foco em um determinado objetivo, se um deles notar o detalhe que poderá comprometer o conjunto e procurar informar isso enquanto é possível corrigir, teremos uma equipe capaz de realizar, e não um grupo que produz retrabalho.
Quando transpomos este conceito para o âmbito da sociedade, pensamos no indivíduo que tem ciência de seu papel para um estado mais justo e igualitário. Se todos forem uma equipe – ao menos do ponto de vista patriótico – teremos mais condições de alinhar ideais e pensamentos capazes de minimizar retrabalhos, diminuir a perda de recursos e aumentar as possibilidades de qualidade de vida social. Se uma pessoa desperdiça recursos por ignorância, terá como ser informada por seus pares sobre o que essa perda significa para a sociedade (até porque o pensamento de equipe não toma esta informação como afronta ou prepotência, somente como um dado que pode gerar conhecimento). Todos os elementos sociais vão enxergar o detalhe do desperdício de modo a combater e evitar que ele se repita.
Num amontoado de indivíduos que não conseguem se sentir como elementos de uma equipe, o que cada um faz passa a ser alvo de crítica, em vez de gerar uma atitude que contribua para o ajuste social. Olhar para o vizinho que desperdiça seu dinheiro comprando compulsivamente gera um comentário maldoso e não uma postura de informação quanto ao uso inteligente do dinheiro e ao controle das emoções que levam à busca dessa compensação emocional-material. O caso vira chacota, torna-se assunto para conversa fiada, e mais recursos escorrem pelo ralo.
Um erro comum é achar que o que acontece com um indivíduo não interfere no contexto da sociedade. Pois de um em um compomos um quadro social mais ou menos claro de uma estrutura. Quando as favelas cariocas começaram, eram poucos barracos com atmosfera romântica, e daqueles poucos vieram outros – apoiados em iniciativas populistas visando interesses espúrios – até se formar o que passou a ser considerado normal. Ou ainda o pensamento normal de caminhar pelas calçadas e ver pessoas dormindo no chão, sejam por cansaço ou por torpor. Ambos os casos não são normais. São exemplos de trabalhos malfeitos, que geram retrabalho. Retrabalho, quero lembrar, significa desperdício.
O pensamento de curto prazo também dá combustível a retrabalho. Agir com imediatismo para conter urgências faz com que o contexto de médio e longo prazo seja perdido e que toda a sociedade perca com este desperdício. Há poucos casos em que situações de urgência podem gerar resultados de médio e longo prazos com qualidade – veja-se o que foi feito quando dos atentados de 11 de setembro: ocorreu uma urgência em resposta a um ataque terrorista, e rapidamente a cidade se descobriu capaz de criar condições de segurança e viabilidade para os envolvidos. Mas esse caso é uma exceção. O que mais se vê, principalmente em sociedades com interesses que fogem ao senso de cidadania, é uma postura que privilegia alguns poucos em detrimento de muitos.
Outro aspecto que parte do individual e que, com o passar do tempo, se reflete em todos os elementos sociais é o desrespeito pessoal, cujas raízes estão na baixa autoestima. Alguém que usa o bordão “tudo bem, pois sou eu quem está pagando” para justificar desperdícios diversos, como a água que jorra pela torneira aberta ou os anos de vida perdidos com o vício do fumo, costuma se nortear por um pensamento do tipo “eu faço e aguento as consequências”. No entanto, falta ao individuo entender que o que ele faz afeta a todos, inclusive quem não está diretamente envolvido, seja o vizinho que convive com a fumaça do cigarro, sejam os lugares da Terra que não dispõem de água para suas necessidades básicas.
O oposto desse cenário de retrabalho e desperdício atende pelo nome de abundância – ou prosperidade. Meus estudos e pesquisas têm mostrado que, em oposição ao cenário anterior, abundância e prosperidade requerem um pensamento global, algo racional e altruísta. O conceito de abundância não implica ganância – tirar de um para dar ao outro –, mas começar com um e dele multiplicar, gerando condições para que mais indivíduos possam também começar com seu um e prosperar. O conceito de prosperidade parte do primeiro passo e de uma disciplina – que só encontra o hábito quando é compreendida e justificada, seja por um planejamento consciente e sistematizado, seja por um sentimento de realização que gera inconscientemente o planejamento (algo curioso, mas que explica muitos casos de quem tinha poucos recursos e chegou longe, mesmo sem nenhuma literatura de apoio). Longe de serem fonte de passividade – pois tanto a abundância quanto a prosperidade implicam trabalho e atividade –, eles são elementos que conseguem otimizar os recursos disponíveis de forma inteligente. Um produto custa mais barato quando seu processo de produção se torna automático, o que propicia mais condições para que outros indivíduos o adquiram, já que seu processo automático é gerido de forma a não criar retrabalho. Isso é visto com naturalidade quando novas tecnologias chegam a um preço alto e gradativamente tornam-se acessíveis para todos, por seus preços serem reduzidos quando em escala.
A prosperidade é resultante da consciência de um indivíduo que planeja seus passos para assim envolver outros de forma a criar uma equipe pensante próspera. O líder – esse indivíduo primeiro – vai enxergar o cenário tanto por seu olhar quanto pelo dos outros indivíduos que a ele irão se juntar, para assim estabelecer uma linguagem capaz de agregar diversas pessoas em torno de um objetivo, formando uma equipe com foco e direcionamento.
A família que unida consegue reduzir custos e viver melhor, controlando o afã de gastos compulsivos, é exemplo de equipe bem-sucedida e próspera. Pelo resultado obtido como equipe, reduz retrabalho e desperdício, planejando conscientemente o que será feito para atingir objetivos de médio e longo prazos que vão influir nas futuras gerações e, como ondas, em todo o estrato social. A empresa que reduz seus poluentes certamente reduz o retrabalho de limpar o que elimina para a natureza, com ganhos tanto em imagem quanto nos resultados de processos – estes diretamente ligados aos financeiros. Todos ganham quando uma conquista reduz retrabalho e desperdício.
Uma sociedade somente cresce e prospera quando os elementos que a compõem são detalhes aos quais todos prestam a devida atenção e que encaram de forma consciente. E colocar a consciência em tudo o que se faz é a resposta para a redução do retrabalho e do desperdício. Soma-se a isso o conceito ético de querer para a sociedade o que queremos para cada um de nós como indivíduos – e assim gerar mais equilíbrio social.
Afirmo isso com base em um ponto que tem sido comum no meu trabalho como consultora de finanças pessoais e qualidade de vida – a forma muito inconsciente como as atitudes são tomadas no cotidiano. Boa parte das pessoas – diria que há raras exceções - age muito mais reativamente do que ativamente. Não analisa seus atos antes de praticá-los, simplesmente reage às solicitações do mundo.
No afã de atender a tudo em tempo recorde, muitos não analisam o que têm feito e principalmente o que estão fazendo para atingir objetivos – sejam eles pessoais ou sociais. Por vezes tiram minutos para análise, mas não com a disciplina necessária para fazer o hábito de analisar anteceder a ação de realizar. Concordo que é preciso realizar, concretizar, pois ideias sem concretização frustram e não levam a satisfação pessoal. Entretanto, na correria da dinâmica da vida (imposta por terceiros, em boa parte dos casos), não se pensa no tempo de análise como tempo enriquecido, mas como tempo que é perdido.
O melhor exemplo disso é o retrabalho e suas implicações. Não importa o tamanho da empresa, o retrabalho é sempre visto como problema – e o é de fato. Muito se faz com o objetivo de treinar pessoas e criar planejamentos estratégicos para controlar e minimizar o retrabalho, em muitos casos com sucesso. Mas o que é o retrabalho? Defino este problema (fazer duas vezes porque uma saiu errado demonstra claramente um problema) como conseqüência não da incapacidade ou falta de conhecimento técnico sobre o assunto, mas como falha relativa a descaso de detalhe, falha esta capaz de colocar todo o trabalho a perder. É como errar a receita de bolo trocando o sal pelo açúcar e vice versa. Coisa pequena, porém determinante para o sucesso da empreitada.
O retrabalho é individual e se transfere ao grupo ou à equipe, conforme o caso. Daí a importância de que os integrantes da equipe tenham todos um mesmo objetivo e uma meta para alcançar. Se for simplesmente um grupo de elementos distintos, o que para um parece ser irrelevante para o outro será fundamental, criando-se um campo fértil para equívocos. Quando temos indivíduos com foco em um determinado objetivo, se um deles notar o detalhe que poderá comprometer o conjunto e procurar informar isso enquanto é possível corrigir, teremos uma equipe capaz de realizar, e não um grupo que produz retrabalho.
Quando transpomos este conceito para o âmbito da sociedade, pensamos no indivíduo que tem ciência de seu papel para um estado mais justo e igualitário. Se todos forem uma equipe – ao menos do ponto de vista patriótico – teremos mais condições de alinhar ideais e pensamentos capazes de minimizar retrabalhos, diminuir a perda de recursos e aumentar as possibilidades de qualidade de vida social. Se uma pessoa desperdiça recursos por ignorância, terá como ser informada por seus pares sobre o que essa perda significa para a sociedade (até porque o pensamento de equipe não toma esta informação como afronta ou prepotência, somente como um dado que pode gerar conhecimento). Todos os elementos sociais vão enxergar o detalhe do desperdício de modo a combater e evitar que ele se repita.
Num amontoado de indivíduos que não conseguem se sentir como elementos de uma equipe, o que cada um faz passa a ser alvo de crítica, em vez de gerar uma atitude que contribua para o ajuste social. Olhar para o vizinho que desperdiça seu dinheiro comprando compulsivamente gera um comentário maldoso e não uma postura de informação quanto ao uso inteligente do dinheiro e ao controle das emoções que levam à busca dessa compensação emocional-material. O caso vira chacota, torna-se assunto para conversa fiada, e mais recursos escorrem pelo ralo.
Um erro comum é achar que o que acontece com um indivíduo não interfere no contexto da sociedade. Pois de um em um compomos um quadro social mais ou menos claro de uma estrutura. Quando as favelas cariocas começaram, eram poucos barracos com atmosfera romântica, e daqueles poucos vieram outros – apoiados em iniciativas populistas visando interesses espúrios – até se formar o que passou a ser considerado normal. Ou ainda o pensamento normal de caminhar pelas calçadas e ver pessoas dormindo no chão, sejam por cansaço ou por torpor. Ambos os casos não são normais. São exemplos de trabalhos malfeitos, que geram retrabalho. Retrabalho, quero lembrar, significa desperdício.
O pensamento de curto prazo também dá combustível a retrabalho. Agir com imediatismo para conter urgências faz com que o contexto de médio e longo prazo seja perdido e que toda a sociedade perca com este desperdício. Há poucos casos em que situações de urgência podem gerar resultados de médio e longo prazos com qualidade – veja-se o que foi feito quando dos atentados de 11 de setembro: ocorreu uma urgência em resposta a um ataque terrorista, e rapidamente a cidade se descobriu capaz de criar condições de segurança e viabilidade para os envolvidos. Mas esse caso é uma exceção. O que mais se vê, principalmente em sociedades com interesses que fogem ao senso de cidadania, é uma postura que privilegia alguns poucos em detrimento de muitos.
Outro aspecto que parte do individual e que, com o passar do tempo, se reflete em todos os elementos sociais é o desrespeito pessoal, cujas raízes estão na baixa autoestima. Alguém que usa o bordão “tudo bem, pois sou eu quem está pagando” para justificar desperdícios diversos, como a água que jorra pela torneira aberta ou os anos de vida perdidos com o vício do fumo, costuma se nortear por um pensamento do tipo “eu faço e aguento as consequências”. No entanto, falta ao individuo entender que o que ele faz afeta a todos, inclusive quem não está diretamente envolvido, seja o vizinho que convive com a fumaça do cigarro, sejam os lugares da Terra que não dispõem de água para suas necessidades básicas.
O oposto desse cenário de retrabalho e desperdício atende pelo nome de abundância – ou prosperidade. Meus estudos e pesquisas têm mostrado que, em oposição ao cenário anterior, abundância e prosperidade requerem um pensamento global, algo racional e altruísta. O conceito de abundância não implica ganância – tirar de um para dar ao outro –, mas começar com um e dele multiplicar, gerando condições para que mais indivíduos possam também começar com seu um e prosperar. O conceito de prosperidade parte do primeiro passo e de uma disciplina – que só encontra o hábito quando é compreendida e justificada, seja por um planejamento consciente e sistematizado, seja por um sentimento de realização que gera inconscientemente o planejamento (algo curioso, mas que explica muitos casos de quem tinha poucos recursos e chegou longe, mesmo sem nenhuma literatura de apoio). Longe de serem fonte de passividade – pois tanto a abundância quanto a prosperidade implicam trabalho e atividade –, eles são elementos que conseguem otimizar os recursos disponíveis de forma inteligente. Um produto custa mais barato quando seu processo de produção se torna automático, o que propicia mais condições para que outros indivíduos o adquiram, já que seu processo automático é gerido de forma a não criar retrabalho. Isso é visto com naturalidade quando novas tecnologias chegam a um preço alto e gradativamente tornam-se acessíveis para todos, por seus preços serem reduzidos quando em escala.
A prosperidade é resultante da consciência de um indivíduo que planeja seus passos para assim envolver outros de forma a criar uma equipe pensante próspera. O líder – esse indivíduo primeiro – vai enxergar o cenário tanto por seu olhar quanto pelo dos outros indivíduos que a ele irão se juntar, para assim estabelecer uma linguagem capaz de agregar diversas pessoas em torno de um objetivo, formando uma equipe com foco e direcionamento.
A família que unida consegue reduzir custos e viver melhor, controlando o afã de gastos compulsivos, é exemplo de equipe bem-sucedida e próspera. Pelo resultado obtido como equipe, reduz retrabalho e desperdício, planejando conscientemente o que será feito para atingir objetivos de médio e longo prazos que vão influir nas futuras gerações e, como ondas, em todo o estrato social. A empresa que reduz seus poluentes certamente reduz o retrabalho de limpar o que elimina para a natureza, com ganhos tanto em imagem quanto nos resultados de processos – estes diretamente ligados aos financeiros. Todos ganham quando uma conquista reduz retrabalho e desperdício.
Uma sociedade somente cresce e prospera quando os elementos que a compõem são detalhes aos quais todos prestam a devida atenção e que encaram de forma consciente. E colocar a consciência em tudo o que se faz é a resposta para a redução do retrabalho e do desperdício. Soma-se a isso o conceito ético de querer para a sociedade o que queremos para cada um de nós como indivíduos – e assim gerar mais equilíbrio social.
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