A cultura portuguesa que deu a base para nossa culinária deixou um recadinho em cada um: qual a refeição que prescinde de um docinho no final? A sobremesa, a delícia, era o fechamento da comida. Quando se é criança ainda piora, porque sem comer o prato salgado não se chegava aos doces e confeitos. Poder-se-ia trocar o doce por fruta? Sim, mas não tinha o mesmo gosto. Doce, encantadinho, era sempre melhor. Portanto, come-se o salgado todo e depois vem a redenção, o doce. Hoje confesso que prescindo facilmente de doces, optando por frutas, isso quando as tenho facilmente. O sabor salgado me atrai, e se vier de saladas fresquinhas, tanto melhor. Mas o doce ainda guarda aquele sabor, cor e cheiro de recompensa, o ponto após toda uma jornada. É como a cereja do bolo de chocolate com chantilly, consegue ser gostosa e bela, embora não seja relevante. Mas se não tem a cereja, fica devendo... Comparo doces a encantamentos, coisinhas que vivemos sem, pois são totalmente supérfluas, desnecessária...